segunda-feira, 10 de março de 2008

Capítulo 7.

7: 1) “Volta, volta, ó Sulamita, volta, volta, para que nós te contemplemos. Que olhais na Sulamita, quando baila entre dois coros?”. (há grandes diferenças entre as Edições bíblicas para esse texto, por exemplo, na Bíblia anotada por Scofield, assim consta o versículo: “Por que quereis contemplar Sulamita na dança de Maanaim?” provavelmente, porque optaram por nomear o príncipe Mehi, um personagem palestino / assírio “do mal”, equivalendo-o a Aminadab).

7:1) Essa solicitação de que se volte para ser contemplada, resulta da sua readequação ao Caminho da Luz, posto ser cantada pelo coro de “anjos”, ou, pelo coro das “filhas de Jerusalém”, e mesmo a ambos, posto em diferentes Bíblias estar indicado ora um ora outro. Ante a pergunta “o que olhais na Sulamita, quando ela baila entre dois coros”, cabe uma reflexão mais profunda. Preliminarmente, enfatizamos que, Sulamita, significa “pacífica”, por ser o feminino do nome Salomão, que significa “pacífico”. Entretanto, nada tendo a ver entre o rei Salomão e a bíblica Sulamita, aliás, não é Sulamita, e sim “Sunamita”, conforme lemos em 2 Reis 4:12-37. Então, sendo pacífica, e dançando entre dois coros, significa movimentar-se sob as duas perspectivas, por serem duas as “vozes”, simbolizando, portanto, a “voz” intuitiva e a “voz” intelectiva; por estar ainda vivenciando em busca do seu aprimoramento.


7:2 a 7:9) “Os teus Pés... como são belos nas sandálias, ó filha de nobres; as curvas dos teus quadris, que parecem colares, obras de um artista”. “Teu umbigo... essa taça redonda, onde o vinho nunca falta; teu ventre, monte de trigo rodeado de açucenas; teus seios, dois filhotes, filhos gêmeos de gazela;" teu pescoço uma torre de marfim; teus olhos as piscinas de Hesebom junto às portas de Bat- Rabim. Teu nariz, como a torre do Líbano, voltada para Damasco; “tua cabeça que se alteia como o Carmelo, e teus cabelos cor de púrpura, enlaçando um rei nas tranças". “Como és bela, quão formosa, que amor delicioso!” “Tens o talhe da palmeira, e teus seios são os cachos”. “Pensei: Vou subir à palmeira para colher frutos! Sim, teus seios são cachos de uva, e o sopro das tuas narinas perfuma como o aroma das maçãs”.“Tua boca é um vinho delicioso que se derrama na minha molhando-me lábios e dentes”.

7:2 a 7:9 ) Todos esses versículos indicam para uma nova visão do noivo em relação ao modo que a enxerga agora, porque, deixou de descrever a mulher como antes havia procedido, pois, agora, a descreve cursando um rumo contrário ao que antes versara, porque passou a descrever a sua noiva de modo inverso, diferente. Pois, agora, iniciou a descrevê-Ia a partir dos seus pés, quando antes a havia descrito a partir da sua cabeça. Nisso, temos simbolizado que agora a está enxergando de modo diferente, porque passou a perceber algo que não havia até então podido identificar na mulher terrena, a sua PUREZA. Por isso, contrariando a antiga “visão”, inicia o seu relato enfatizando na mulher àquilo que mais lhe agradou, os seus PÉS. Portanto, simbolizando haver reparado, em primeira linha, na NOVA CONDUTA (simbolismo dos “pés”) daquela mulher (noiva). Atitude que ela havia recém assumido, iniciada desde que passara a empenhar-se por cumprir o seu magno papel, o de norteadora à Luz.

Como o significado do nome Sulamita é “pacífica”, reforça-se essa interpretação, pois, desde que a mulher não ofereça resistência à sua intuição, há de atuar naturalmente em consonância à Sua Lei. Pois, sendo o espírito originado da pureza, toda a manifestação que esse exercer, desde que não desvirtuada pela intervenção do intelecto (sendo pacífica a consegue, por não oferecer resistência à sua naturalidade, “ser”). Portanto, o seu nome auxilia a que o simbolismo se revele adequado, por se tratar de uma “pacífica” atuação, passiva, sem resistir intelectivamente ao NOVO. Dessarte, no significado “pacífica”, encontramos a indicação de alguém que atua de maneira natural, portanto, daquela que se pronuncia obedecendo seus intuitivos assomos, sob a voz do espírito.


7:10) “Eu sou do meu amado, seu desejo o traz a mim”.

7:10) Sim, o “desejo” que o noivo manifestou, baseia-se agora na voz do seu espírito, que anseia pela Luz, levando a reconhecer na mulher, o seu almejado adjutório, a “idônea”. Podendo, pois, da mulher, receber o auxílio, para dar vazão correta ao seu anseio.


7:11) “Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim”, ou, “seu desejo o traz para mim”, ou, “o seu coração volta-se para mim”, ou, “Vê, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos a noite nas aldeias”. dependendo da Edição consultada. (O leitor pode se surpreender com tamanhas diferenças nas traduções, mas, como soe acontecer, assim os “teólogos” os desvirtuam, por incompreendê-los. Havendo diferenças até mesmo na numeração dos versículos... todavia, não impedindo que os interpretemos).

7: 11) De qualquer modo, a mulher declara reconhecer que pertence ao seu “amado”, dessarte, não mais se dirige ao noivo ou ao homem, tentando-o, mas, sim, evidenciando que, despertada para o Amor de Deus, grata e jubilosa cumpre Sua Vontade, norteando-o à Sua Luz. Pois, ao haver despertado, a mulher assume agora a sua real condição existencial, a de direcionadora à Luz, por isso, passa a interessar-se em guiar o seu noivo para o Caminho à Luz (“o amor” que quer lhe oferecer, posto estar empenhada em que O reconheça, embora haja sido ainda o desejo que o trouxe próximo à mulher (“o traz a mim”, porquanto ainda não foi por ela orientado).

Demais, que o amor entre as criaturas sirva de elo entre a matéria e espírito, é algo que todos podem depreender, mas, que essa ligação entre a matéria e o espírito percorra a via pautada pela Força Sexual, infelizmente, poucos perceberam. Por isso, a força sexual permanece entendida apenas sob a perspectiva terrena, por avaliarem-na como se fosse o mesmo que instinto sexual. A Força sexual, situa-se como o ápice da matéria, portanto, como se fosse a sua máxima florescência, investindo-se da condição de elo entre o denso e o sutil, ou seja, entre a matéria e o espírito. Porém, por haver sido degradada à condição de um mero instinto, a força sexual deixou de situar-se nessa sua elevada condição, a “flor” da matéria. Daí, o ser humano passou a, ignorantemente, derrogar-se à condição animalesca (embora no animal seja esse um comportamento aceitável, por ser o seu natural).


7:12) “Vem, meu amado, vamos ao campo, pernoitemos sob os cedros;”

7:12) Apesar das divergências entre diferentes Bíblias, pode-se perceber em todas as traduções que a mulher assume (“vem meu amado”), nesse momento, o seu papel direcionador, posto ser quem convida e determina para onde o casal deve encaminhar-se. E, não somente determinando o lugar mas, também o que lá fazer, portanto, assumindo o seu papel de direcionadora.


7:13 e 14) “madruguemos pelas vinhas, vejamos se a vinha floresce, se os botões estão se abrindo, se as romeiras estão florindo: lá te darei o meu amor... As madrágoras exalam seu perfume; frutos novos, frutos secos, que eu tinha guardado, meu amado, para ti”.

7:13 e 14) Notamos que a mulher não somente redireciona o seu existir mas, com o seu exemplo, direciona o homem a capacitar-se a enxergar, nos efeitos da natureza terrena, dádivas do Criador. Por haver reconhecido o Amor de Deus, pretende fazer com que também o seu noivo O reconheça, para tanto, relacionando as mesmas belezas de que antes o homem se valera para, de maneira enaltecedora, descrever a sua noiva. Pois, havemos de convir que a utilização de um mesmo vocabulário para definir o transcendental e o mundano, assim obriga não somente o autor desse texto, mas a própria mulher. Porquanto, para direcionar o homem à Luz, labora na matéria, dessarte, validando a repetição das mesmas belezas, porém, agora, sob o enfoque espiritual. Aliás, essa é a razão das dificuldades encontradas pelos sábios para passar a Verdade aos seus povos, contornada por Jesus, que Ensinou sob Parábolas.

Os “frutos novos” e os “frutos secos” estavam à disposição, mas somente agora, após haver reconhecido o Seu Amor, percebe haver nessas Suas dádivas (frutos) a presença da Sua Vontade, por isso, a mulher passa a fazer com que o seu noivo assim também as compreenda, impelindo-o a gratidão (oferece-os ao seu noivo, nisso, evidencia estar cumprindo o seu papel de direcionadora, aliás, nisso, temos a reformulação do erro cometido por Eva, pois, agora, os frutos são benfazejos, induzem ao reconhecimento do Amor). Outrossim, “fruto guardado”, simboliza o reconhecimento realizado pela mulher, ao descobrir, em si, valores que até então ignorava.

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