segunda-feira, 17 de março de 2008

Introdução.

Mulher – a missão da feminilidade na Terra sob a interpretação do Livro Cantares (Cântico dos Cânticos). Primeira edição 1998. Arnaldo Amoroso Corrêa “Mulher”, “Homem”, “Ó Terra! Terra, terra...” e “O retorno de Um Desconhecido...”, pertencem à tetralogia dedicada pelo autor a uma nova hermenêutica bíblica, realizada com base na obra de Abdruschin (Alemanha 1875 – 1941).


Cantares, “Cântico dos Cânticos”, do hebraico, “Shir Haschirim”, algo como “o melhor de todos os cânticos”.

Dentre os textos bíblicos tidos como de difícil interpretação, encontra-se um Livro erroneamente atribuído a Salomão: Cantares. Para os cabalistas, trata-se de uma obra com alegorias que significam ou indicam a “salvação do mundo” na “ressurreição final”...

Mas, inúmeros outros (Herder, Budde, Chateillon, Delitzsch, Wetzstein, e outros), tentaram interpretá-Io ao longo dos séculos, por intuírem haver um grande significado nos seus simbolismos. Todavia, restringindo-se aos significados campesinos, e, no mais das vezes, ligados ao erotismo. Contudo, havendo também os que lhes atribuíram significado alegórico (como no Targúm e Midrásh), por tributarem-lhe excelsa pureza, traduzindo o amor de Deus “por sua predileta”, que entendem ser destinado a “Israel”.

Séculos após (ao redor de 1300), alguns rabinos vieram a identificar no Livro Cantares, outras alegorias, sendo a mais notável, a que o relaciona o intelecto humano e o espírito.

Alegorias sacras também foram encontradas por alguns rabinos ao longo dos séculos (Aquibad, Pápias e outros), que o identificaram como sendo o “mais santo dos livros santos” (os “ketubím”).

Com isso, sendo proibido recitarem-no em festejos não religiosos. Mas, a mais enfática dentre as alegorias tecidas em torno do Livro Cantares, predominou por ocasião da instalação do Estado de Israel, simbolizando o “esposo” e a “noiva” que iriam se reunir.

Para os católicos, a alegoria aceita é assemelhada, pois, vêem nos seus textos uma indicação da figura do Messias, e a “noiva” ou “esposa” assumindo o papel da Igreja. Com isso, o Livro Cantares, embora indecifrado, permaneceu no cânon judaico e católico.

Porém, essa dificuldade que encontraram, em relação a esse Livro, Cantares (Cântico dos Cânticos), decorre do fato de suporem que se trata de um relato sobre amores profanos, nisso, descurando que, NOS LIVROS SAGRADOS, HÃO DE SER BUSCADOS OS SEUS SIMBOLISMOS, E ESSES SEMPRE SE LIGAM AO ESPÍRITO, E, NÃO, À MATÉRIA.

Ademais, o texto de Cantares “apenas” reitera o que no Livro Gênesis foi indicado com relação ao papel da mulher, na condição de representante da feminilidade nesta Terra. Pois, do mesmo modo que a Luz cuidou de deixar expresso em número (666), uma indicação auxiliadora para toda a posteridade, também zelou para que na forma de um poema, fosse a Verdade preservada, servindo de auxílio, por esclarecer o especial valor da participação da mulher, quando adequada à Luz. (Quanto ao bíblico “número da besta”, o apocalíptico número 666, interpretamos noutro livro, “Ó Terra! Terra, Terra...”)

E, se para atinarmos com o verdadeiro autor do Livro Cantares, buscarmos comprovações nos “fragmentos do Mar Morto” - Qumrã ou os de Wãd-i al-Murabbaát, Nabal Ze'elim, Masada e Naque Hamadi - veremos que nada foi encontrado que pudesse mais elucidá-Io

E, no fato de haver aramaismos em sua linguagem, e também a inclusão de termos do idioma persa (3:9 “liteira”), e do grego (4: 13 “pomar”), deduz-se haver sido escrito APÓS Salomão; provavelmente, após o Exílio, por volta do século V ou VI a. C.

Mas, apenas por se tributar sabedoria excelente a Salomão é que os mais açodados supõem ser ele o autor desse cifrado e poético texto, daí, incluindo-o dentre os “Livros Sapienciais” da Bíblia.

Aliás, nossa opinião é a de que a inclusão de Salomão como personagem no texto do Livro Cantares, não se prende ao fato desse rei ser tido como sábio, mas, sim, por ser ele o mais enfático exemplo bíblico para ilustrar o tema que de modo poético, mas cifrado, o seu autor aborda, o DESEJO. Aliás, comprovando o falho caráter de Salomão, temos os próprios textos bíblicos, abaixo dois exemplos, um do Livro Eclesiastes (não o Eclesiástico), e o outro, de “Reis”:

“Como eras sábio em tua juventude, cheio de inteligência como um rio! Entregaste teu corpo a mulheres, deste-Ihes poder sobre teu corpo. Manchaste a tua glória, profanaste a tua raça...”

1 Reis 11:4 “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor seu Deus, como fora o de David, seu pai”..

Falha que o próprio Salomão assume, se lhe atribuírem o Livro:

Eclesiastes 2:10 “Tudo quanto desejaram os meus olhos não Ihes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas”.

E, quanto à incapacidade de Salomão livrar-se dos desejos, o próprio texto de Cantares a INDICA, nisso, evidenciando-se que Salomão não pode ser o seu autor; citado apenas como personagem por haver sido um expoente rei que, tentado, vergou-se aos desejos:

Eclesiastes 7:26 “Achei cousa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laço e cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro”.

Quanto a alguns tacharem de desrespeitosa a forma literária desse texto, por compreenderem que o Sagrado não possa ser apresentado sob romanceados versos, discordamos. Demais, a esses lembramos, por exemplo, do inspirado Poema “A Subida do Monte Carmelo”, de (São) João da Cruz (1.542/1.591), que versa sobre o seu amor devotado a Deus, porém, sob o simbolismo de um amor entre um casal.

Porque, embora referindo-se ao Caminhar do espírito rumo ao seu desenvolvimento, João da Cruz e o autor do Livro Cantares, sabiamente, louvaram o reconhecimento do Amor de Deus, poeticamente. Pois, segundo o que iremos demonstrar, os textos não se referem ao amor de Salomão a uma mulher, abarcam sentido muito mais profundo, referem-se a toda espécie feminilidade e, em especial, à mulher da Terra, que a representa. Portanto, os textos versam sobre a mulher, como representante da espécie feminilidade, e, não, como se supõe, a um romance. E, por constar também o masculino no texto, cumpre antecipar que, por vezes, esse simboliza a Divindade, a Quem a mulher reconhece e ama, e, em outras oportunidades, retrata o amor da personagem feminina por “seu noivo”.

Cantares, é o menos compreendido dentre todos os textos bíblicos, por isso, sendo objeto de desencontradas opiniões, sendo que no século 1, esteve sob o risco de não constar do Cânon judaico que culminou por admiti-lo apenas com base na tradição, aliás, do mesmo modo que a igreja católica procedeu, ao também admiti-Io.

E, embora saibamos da existência das interpretações de rabis e eruditos judeus que “acham” haver uma alusão ao amor de Deus por Israel nos seus versos, discordamos, cremos serem forçadas, e mais, fora da lógica, por não apresentarem concatenação na “explicação”, de maneira a compatibilizá-la com o restante do Livro.

Ante tantas dúvidas e incompreensões, muitos indagam: Como extrair proveito desses versos?

Respondemos: Há muito que desvelar desses textos. Reiterando o acima indicado, enfatizaremos dois pontos básicos, o primeiro, relaciona-se à presença e propósito da espécie feminilidade na Terra, representada pela mulher. Segundo, alertar para o risco de as mulheres vergarem-se às tentações, ao aderirem aos DESEJOS. Portanto, a reiteração do alerta que havíamos lido no Primeiro dos Livros bíblicos, o Gênesis:

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu DESEJO será contra ti, mas a ti cumpre DOMINA-LO".

Deduzindo-se que ante o perdurar desse vezo humano de vergar-se aos desejos, a Providência Divina inspirou a um outro autor, além de Moisés, tendo em vista que, por meio desse outro Livro e insólita forma literária, pudesse servir de auxílio à humanidade. Auxílio que dedicou, nesse caso, à mulher, instando-a a que não descurasse de manter-se vigilante, para não cair em tentação e vir a cumprir sua magna missão: nortear os homens à Luz.

Mas, vamos à leitura e as nossas correspondentes interpretações:

domingo, 16 de março de 2008

Capítulo 1.

1:1) “Beija-me com os beijos de tua boca;"

1:1) O “beijo”, aqui, simboliza o sopro Divino, causa da vida humana; consoante ao “sopro”, (Espírito Santo) que ama o ser humano, conforme o que se lê no Livro Gênesis (“anima”). Então, assim baseados, interpretaremos a esse primeiro verso: Intuitivamente, a mulher reconhece que o Seu puro “hálito” é a causa da Vida (“sopro Divino”). Por isso, assim se manifesta, com base no anseio que a faz almejar que lhe seja permitido manter-se absorvendo o sopro (“beijo”) da Vida, que reconheceu estar a si sendo emanada, portanto, é uma expressão da sua vontade em permanecer em Seu Reino, porém, apenas desejando Desse usufruir. Destarte, essa sua declaração de almejo, representa a “voz” interior da espécie feminilidade, despertando-a para a realidade do existir, para que esteja cônscia da sua condição de direcionadora existencial, a fim de promover o seu auxílio a toda humanidade. Mas, por ser esse, ainda um seu incipiente reconhecimento, ademais, interior, veio a pedir, e, desejar (“beija-me”); manifestando em palavras um enfocar intelectivo, embora sendo tal manifestação basilarmente correta, posto nascida do seu puro anseio.


1:2) “porque melhor é o teu amor do que o vinho”.

1:2) Texto que indica que a mulher, ainda que apenas intuitivamente, capacita-se a reconhecer o Seu Amor, nisso, sentindo íntima alegria, indescritível, posto apenas intuitiva. Porquanto nessa rejubilar-se muito mais intensamente do que se fosse estimulada a alegrar-se por gozar os mundanismos (desejos); simbolizado pela ação do vinho que, inebriando, possibilita apenas uma fuga fantasiosa, sob efêmera alegria, fugaz, por ser distante da Luz. O vinho, no sentido material, assume aqui a condição de simbolizar os DESEJOS, porque o sentimento íntimo que a mulher experienciou foi assumido sob uma impressão ditatorial extraída apenas de um intelectivo deduzir, que sugere o cumprimento dos desejos de usufruição que conhece, daí, vinho. Comportamento comumente professado pelas que não reconheceram o Seu Amor de maneira plena, apesar de intui-Io, daí, buscarem no próprio viver a razão da vida, enganadas, por direcionarem o sentimento íntimo às coisas.

Embora no texto esteja retratada a sua intuitiva descoberta do Seu Amor: “Melhor é o Teu Amor!” Esse seu reconhecimento foi operado ao contrário, pois, ao invés de mediante a sabedoria, fundamenta-se em deduções lastreadas no que conhece na matéria. Simboliza ainda, que por haver se lembrado que o alegrar-se sob os inebriadores vivenciamentos mundanos se revelaram frustrantes, nada significam ante o íntimo sentimento que a assomou, advindo do espírito. O efeito do vinho, nada significou, revelou-se efêmero, resultando em pressentir que se viesse a participar do Seu Amor, experimentaria algo real, pleno e perene.

Outrossim, o enaltecimento ao vinho, colocando-o na condição de uma ideal usufruição na Terra, encontramos também em outros antigos textos, por exemplo, nos versos do poeta, e geômetra, Omar Kahyyan: “Não entendo os vendedores de vinho, afinal que podem comprar eles melhor do que o que vendem?”. Todavia, ressaltamos que essa asseveração de Kahyyan, ao contrário do que comentam os seus leitores, não aponta para uma sobreposição do vinho, e, sim, indica a sua constatação de que nem mesmo o dinheiro pode comprar o que de mais significativo existe. Portanto, outra literatura poética que nos revela verdades, no caso, semelhada à constatação manifestada pela mulher. Portanto, não se trata de recomprar o próprio vinho, mas, do íntimo reconhecimento de que o Amor sim, causa a plena felicidade, a que o inebriar de vinho, não alcança.


1:3) “Suave é o aroma dos teus ungüentos, como ungüento derramado é o teu nome, por isso as donzelas te amam”.

1:3) Equivalendo a mulher terrena dizer que reconheceu a Força do Teu Amor a perpassar de maneira tão intensa que, ao senti-Ia, tem a sensação de havê-Io, por isso, atingido. Experienciando a algo que supõe ser aquilo que as “donzelas” também pressentem (“donzelas”, simbolizando as puras, logo, as que reconheceram o Seu Amor). O leitor pode perceber que nesse estágio a mulher está se comportando como havia a serpente prevenido ao dizer à Eva: “sentir-se-ão como deuses”. Pois, ao não possuir ainda o grau de desenvolvimento requerido, ao apenas pressentir o Seu Amor, chega a senti-Io tão vivaz, em seu íntimo, que tenta traduzi-Io sob referências que extrai do que já conhece, nisso, errando. Evidenciando que ainda não se encontra capacitada a direcionar-se tendo como base esse seu puro pressentimento imaterial, porque coloca-o logo no mesmo nível das coisas, por isso, desejando usufrui-Io nos moldes do antigo, que já conhece, e, não, no NOVO. Nesse caso, as fantasias assumem lugar da plena realidade, mas, não está isso de todo errado, porque trata-se do Caminho à Luz que haveria de percorrer, mediante essas vivências na matéria.

Como ungüento derramado é o Teu NOME”. “Ungüento derramado”, é assim que essa que representa a mulher terrena em desenvolvimento, passa a pressentir o seu Amor, após se dar conta que intuitivamente O reconheceu. Porque ao reconhecer não ser comparável ao vinho, simbolismo de algo prazeroso, porém, ainda tangível, supõe ser Deus “algo” mais etéreo, dai, tenta relacioná-Io ao que já conhece de “melhor”, nisso, comparando-o ao bálsamo. Porque por experiência no dia-a-dia, sabe ser essa sensação íntima que à liga à Sua Força, um “bálsamo” para o seu viver. Igualmente, um ungüento que se derrama a todos, porque atinou que a Sua Lei se conota do Amor, sensação que a extasiou, apenas por pressenti-Io. Porém, ainda que O haja assim pressentido, mantém-se na condição de recebedora, de ser na Terra um alvo de usufruições das Suas graças, pois, o Seu Nome, que expressa a Sua Vontade, haverá, segundo a sua tacanha concepção, de derramar-se sobre si... como um balsâmico ungüento. Comportamento adotado pelos que se deixam influenciar pelo “doutrinado”, esse que prega o pedir como sendo o modo de adoração e participação da criatura na Obra do Criador.

Embora seja verdadeiro que o Nome do Senhor, configurando a Sua VONTADE, perpasse a Criação sob a forma de Leis Naturais com vistas a atender os legítimos anseios do espiritual, portanto, que como está intuindo, também apóia as mulheres que se conservarem puras (simbolizado por “donzelas”). Pois, donzelas, refere-se àquelas que, reconhecidas, manifestam-se de modo a corresponder a esse Seu Amor, atuando, pois, de acordo com a Sua Vontade, Sua Lei. Quanto ao NOME de Deus, há tantas referências bíblicas que endossam simbolizar a manifestação da Sua Vontade, que seria impraticável nomeá-Ias. Todavia, como tudo quanto existente na Criação apresenta-se sob uma peculiar forma, mesmo a Sua Irradiação, também possui cor, forma e SOM, embora invisíveis aos olhos carnais. Dessarte, podemos depreender que O Seu Santo Nome, também apresenta a Cor, a Forma e o Som que as Suas Leis Cósmicas determinam, porque, as Leis, ao ativarem-se, representam a Sua Vontade. Por isso, toda a Criação é a expressão, consubstanciada, do Seu Nome, posto Nele ser expandida e mantida. Destarte, na Criação, sob Seu Nome, temos espelhada a manifestação da Sua Vontade. Por isso, adaptar-se ao Seu Nome, equivale a cumprir a Sua Vontade, logo, resultando mesmo no alcance das benesses que dessa adequação resultam; simbolizado pelo invisível “aroma” causado pelo “derramar de um balsâmico ungüento” (“Como ungüento derramado é o Seu Nome”).


1:4) “Leva-me após ti”.

1) Significa que intuitivamente a mulher pode pressentir que se quando reconhecer a presença do Seu Amor, caminhará rumo ao Excelso, como se O próprio Senhor a estivesse conduzindo às alturas celestiais (“leva-me”). Porém, simbolicamente, o poema revela que a mulher mantinha apenas o desejo de ser conduzida, acarinhada ou apadrinhada por esse Amor, portanto, ainda não concebendo que o existir na Criação requer a participação ativa dos seres que Nela existem, por sua graça e mercê (adaptar-se ao Seu Nome). Daí supõe ser algo que requer ser solicitado, “pedido” (leva-me), quando a realidade é diferente do que se doutrina, pois requer responsabilidade, ou seja, a cônscia e jubilosa co-participação.


1:4) “apressemo-nos”.

2) Ao ser assim, por Seu Amor tocada, nada mais poderia mesmo lhe interessar nem deter (“apressemo-nos”). E, o plural, identifica sentir-se protegida por Sua Providência, que A acompanha em sua caminhada à Luz, outorgando-lhe Vida (“sopro”) e, apoiando-a. Portanto, os textos de Cantares retratam realidades, pois, de fato as mulheres capacitam-se a pressentir a Verdade, mediante a utilização de sua refinada intuição, contudo, ao vergarem-se ao domínio intelectivo, validam os versículos do Gênesis, notadamente, os que indicam as tentações da serpente. E, nisso, pode o leitor avaliar a culpa das religiões que indicam os pedidos como a via para conquistas de benesses materiais, algo que agora, sob o acentuar da ignorância, acentua igualmente o erro, pois, petulantemente, ousam “determinar” a Jesus que cumpra os seus desejos... Dessarte, temos que tais doutrinadores “cristãos” afrontam a Cristo, porque Jesus pregou a humildade! “Apressemo-nos”, portanto, muito bem revela a comum expectativa dos atuais “fiéis” que, pedindo, ou exigindo, esperam poder alcançar favorecimentos imediatos (“graças”) da Divindade, impondo-lhe uma condição semelhada a de um escravo obediente, às ordens.


1:4) “O rei introduziu-me nas suas recamaras”.

3) Como se denota, trata-se de um outro aspecto real, por estar mesmo ligado à Verdade, mas, também de um outro, esse, de uma perspectiva desviada da Luz, intelectiva, que a faz supor-se adequada apenas por fundamentar-se na “doutrina” que prega o pedir. Pois, o texto indica haver sido a sua expectativa que o “rei” a introduza em suas recamaras, portanto, não tendo noção da exigência do seu empenho participativo, responsável, sob humildade. Outrossim, a “recamara”, indica um mais interior ponto, indicando a sua expectativa (desejo) ligar-se a um celestial aconchego. Embora a mulher adequada sinta-se amparada pela Força do Amor (“O rei introduziu-me”), o texto indica a sensação de “segurança” que o “doutrinado” oferece ao tentar contemplar o anseio, porém, estimulando os “fiéis” aos desejos, que são intelectivos. Essa torção do puro anseio, tornando-o em desejos “sublimados”, que o “doutrinado” prega, assemelha-se ao engano que cometem ao “entender” que pedidos que fossem formulados EM SEU NOME, sejam pedidos feitos aos berros, ou sob exigências. Porquanto as palavras EM SEU NOME, indicam ser requerido que pautem o existir sob a Vontade do Pai, as Leis que configuram Sua Vontade na Criação.


1:4) “Em Ti nos regozijaremos; do Teu Amor nos lembraremos mais do que o vinho; não é sem razão que te amam”.

4) O texto continua a indicar realidades. Porém, de acesso possibilitado apenas às mulheres que cumprirem a expectativa da Luz, destinada a toda espécie feminilidade na Criação, expectativa de que se tornem norteadoras. Portanto, sendo relativo àquelas mulheres que se ativam sob seu puro anseio, pois essas estarão mesmo possibilitadas a reconhecer o “Seu Amor”, então, naturalmente, passarão mesmo a atuar alegremente, pois, ao doarem-se, recebem, "Em Ti nos regozijaremos”. Mas, na continuidade do texto, sob a comparação ao vinho, evidencia-se que se trata ainda de uma sensação intelectiva a respeito do Amor, porque tal “amor” complementa fugazmente, como se fosse mesmo o inebriar do vinho que, por entorpecer, “alegra”, porém, sem suscitar o real Amor. Tal constatação alicerça a mesma impressão que a mulher manifestara a respeito das donzelas; ao às reconhecer idealmente puras (“Não é sem razão que te amam”).

Podemos com segurança assim afirmar, porque interpretamos o fato de haver no texto a referência a uma sua “lembrança” (“do teu amor nos lembraremos”). Ora, sendo uma lembrança, óbvio ligar-se ao “tempo”, daí, intelectiva, não do espírito nascida, pois, esse, somente conhece e vivencia o presente do tempo. O espírito, naturalmente, é, deixando de “ser”, ao submeter-se ao intelecto. Outrossim, nos textos bíblicos temos indicação para essa sensação de “lembrança” surgir do espírito, algo desvinculado do “tempo” (antigo) mas, ligado ao anseio (NOVO); essa indicação, vimo-Ia na Parábola do “Filho Pródigo”, sob a palavra SAUDADE. Porque a SAUDADE sim, vem do espírito, daí ser o NOVO, enquanto a lembrança fundamenta-se em algo experienciado, antigo. Portanto, ao “lembrar-se” do Amor, não estava mais se referindo a Esse; mas, sim, a desejos, prazeres, posses, usufruições... etc. por isso, mesmo a saudade, que se liga ao espírito, pelos intelectivos, torna-se em desejos relacionados a pessoas, coisas ou a um ou outro lugar que no seu passado, haja tido maior significado.


1:5) “Eu estou morena, porém formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão”.

1:5) Estou morena, PORÉM formosa... equivale a dizer que a despeito de saber-se marcada pelos acontecimentos, pois o texto não indica que nasceu morena, mas, sim, que se tornou, “estou morena” . Nisso indicando haver reconhecido, sob as suas acres vivências (tornada em morena), a ativa presença da Sua Justa Lei. Portanto, reconhecendo a presença do Seu Amor, mesmo nas admoestações cármicas, por haver depreendido que nas graves vivências que marcaram seu viver (“castigada pelo Sol”), havia a presença da Sua Luz que, mediante a Lei, a deixou assim marcada, animicamente “sinalizada”; “estou morena”, E, ao arrematar, “porém formosa”, mais endossa a interpretação, porque simboliza a certeza de que tais vivências serviram para que reconhecesse o Seu Amor, logo, as cicatrizes d'alma que, ao invés de enfeiá-Ia, a aformosearam. Significando o pronunciamento daquela que está em busca de atingir a sua purificação, para lograr identificar-se com as “filhas de Jerusalém”, as “donzelas”, que intuitivamente admirou. Mas, como o seu desenvolvimento não estava ainda complementado, verga-se aos atrativos da matéria, simbolizado pelo enfatizar da beleza das cortinas de Salomão. Pois, ao assim se aludir às “cortinas” de Salomão, depreende-se haver ênfase ao aspecto da beleza material, porque essa encobre (cortina) a beleza real, a íntima.


1:6) “Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence não a guardei”.

1:6) Nesse versículo vemos que a causa para estar morena, foi pela mulher atinada, embora fosse para si doridamente surpreendente. Porquanto refere-se às graves vivências que decorrem do fato de os seus próximos evidenciarem incompreender o seu propósito à Luz. Porque, a incompreensão da família quanto ao seu novo enfoque existencial não mais poderá ser contornada sob os favores materiais que antes concordava em lhes oferecer, por supor que fosse esse um seu DEVER; mas, falseado, alicerça-se em conceitos. Tais “deveres” em relação aos “próximos”, adquirem maior ênfase quando se trata da prole, por haver a idéia de um direito sobre os “bens” dos pais, algo que implica em desarmonia, ou pior, em harmonia sob conveniências, portanto, em mentira comportamental. Sob tal enfoque existencial calcado em “direitos”, há a estagnação do espírito, ocasionando males que transcendem o tempo espaço. As marcas anímicas (“morena”) que reconheceu ostentar, representam as anônimas vitórias íntimas (“não olheis para mim” - disse, como quem está requerendo que se olhe mais para seu íntimo, e, não, para o seu físico feminino). Portanto, comportamento oposto do das mulheres que buscam no esmerar dos seus atrativos físicos, conseguirem meios para cumprir os seus desejos.

E, as incompreensões e perseguições que os seus “irmãos” (logo, os outros espíritos humanos, notadamente, os mais próximos), indignados, lhes impuseram, simboliza a ignorância, que induz à revolta (“indignam-se contra mim”). Porque os “próximos” não admitem que haja mesmo algum real valor naquilo que a verdadeira feminilidade busca, porque somente vêem “valor” naquilo que seja terreno, destarte, sentem-se arrazoados, ao instarem-na a que se valha dos seus “dotes” físicos, para buscarem pela “felicidade”. A esses (“irmãos”), razoável seria que a personagem feminina do poema se aferrasse às coisas efêmeras, embora deixando de se revelar partícipe na Criação, tornando-se numa “guarda de vinha”; simbolismo para os que se vergam aos desejos materiais, e mesmo, também aos que sublimam os “deveres” para com os da sua família. Contudo, a sua postura firmemente voltada a alcançar o desenvolvimento à Luz, resultou que viesse a desprezar tornar-se apenas numa guarda de vinhas. Simbolizando pressentir ser inútil esforçar-se por amealhar posses, com vistas a cumprir “deveres” que no íntimo inaceita. Inaceita, porque apesar de ter aprendido que assim agindo seria feliz, despertou para a realidade, a que lhe fez depreender que no viver, não se encontra a causa para a Vida.

Pois, a usufruição consciente da vinha (simboliza o seu ativar-se nessa parte da Criação onde se encontra), é o que corretamente a motiva (simbolizando a noção que lhe assomou a respeito da sua magna missão, pois, essa “vinha”, sim, quer cuidar, essa lhe “pertence”). Por isso, nega-se a cuidar daquela que “não me pertence”, ou seja, nega-se a valorizar e esforçar-se pelas “coisas” que até então buscava conquistar, tendo-as como via à felicidade. Entretanto, reconheceu que a “vinha que lhe pertence, não guardei”, evidenciando manifestação intuitiva, que a impele a adequar-se como representante da feminilidade na Terra. Algo que ainda não procedeu, pois, cuidou apenas de esforçar-se naquilo que os outros lhes disseram para fazer, ou pelo doutrinado, que não corresponde à sua certeza interior, mas, em deveres e regras.


1:7) “Dize-me, ó amado de minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros ?”.

1:7) Entretanto, toda essa pressão exterior calcada em “deveres” e conceitos, ligam-na apenas a desejos, porque não expressam àquilo que, intuitivamente, a mulher sente, se ainda possuir algum resquício do seu inato anseio à Luz e à Verdade. Pois, somente passa a aceitar as sugestões intelectivas, próprias ou as de terceiros, sob conceitos e deveres, quando o seu espírito se encontra debilitado, daí, incompreender que fora do tempo/espaço possa existir verdadeira Vida; buscando-a no imanente, desejando. “Dize-me!” Com uma só palavra, muitas revelações se apresentam. Sim, por ser esse, o comum comportamento humano ante o Sagrado, pois, à sombra do doutrinado, “aprendem” a esperar que Ele se apresente às criaturazinhas da Terra, portanto, que Ele venha até aqui para “arrebatá-Ios”; que os alcem ao Paraíso; porque pretendem ser apadrinhados, e não, empenhados (“dize-me”). Outrossim, mesmo quando assim desejosos aguardam que os céus lhes apadrinhem, não almejam capacitarem-se para cumprir a sua participação no Todo, mas, sim, para que Desse Todo, venham a mais usufruir... “Dize-me”, simboliza o acalentar de fantasiosos auxílios da Luz, aqueles calcados nas “doutrinas” que afirmam que o Senhor guiará os “fiéis”, independentemente do empenho (merecimento) próprio.

Ao supor que essas suas orações conotadas do pedir, sejam direcionadas a Deus, erram, Ele as desconhece, posto haver a embasa-Ias um MOTIVO, uma causa para fundamentá-Ias, um propósito de amenizar o destino, ou de conotá-lo de prazeres, simbolizado por sua seqüencial indagação : “Onde apascentas o teu rebanho ?”. Porquanto, aquela que apenas O havia pressentido, não soube como dar continuidade ao seu latente propósito, pois, vergando-se ao “doutrinado” consente em adotar o pedir, por isso, indaga aonde estariam os adequados que O acompanham (simbolizado no rebanho). A seguir, ainda aduz : “Onde o fazes repousar pelo meio-dia”, ainda mais enfatizando haver um motivo, um DESEJO para procurá-Io, o desejo de escapar do excessivo calor do sol (“meio-dia”). Endossando ainda mais nossa interpretação, lemos: “para que não ande eu vagando”, logo, para que não sofra, por visar colher apenas amenidades, todavia, por pedir, e, não, por empenho próprio.

E, quanto ao EVITAR de permanecer vagando a esmo, dentre os muitos que compõem os “rebanhos dos teus companheiros” (do Amado). Simboliza que a mulher, intuitivamente, sabe que essa profusão de doutrinas que falseiam a Verdade, não O representam; há hoje mais de 400 diferentes religiões “cristãs”, todas baseadas num mesmo Livro, “justificando” a idéia de que o Senhor tenha “companheiros”. Destarte, DESEJANDO evitar de ter de vagar a esmo, “perder o seu tempo”, por isso, ao invés de empenhar-se, pede, pois indaga. Demais, o Senhor não tem “companheiros”, todavia, aceitando as tolices doutrinadas vendidas “em Seu Nome”, crêem nos “sacerdotes” que se arvoram à condição de representá-Io aqui na Terra. Revelando que, aquela que se verga ao doutrinado pelas religiões, aceita haver a possibilidade de encontrar num “mestre” ou “sacerdote” (“companheiros do amado”), alguém que O represente na Terra... Mas, a busca à Luz, é pessoal, sendo colimável apenas mediante empenho próprio; não cabendo essa expectativa: “dize-me”. A favor, lemos que Jesus, além de não explicar aos seguidores o que os aguardaria, precedeu os Ensinamentos com palavras como “se queres” ou equivalentes, portanto, exigindo por ação responsável. Mas, se mediante a gravidade do vivenciado, vier a mulher a reconhecer o Caminho à Luz, essa mesma frase assim será interpretada: “Inclina-te ó Deus e, em sua bondade, revela-me o Caminho reto, mesmo que seja necessário que a ação justa da Sua Lei venha a me repreender, exortando-me à Verdade, para que me livre da mentira.” Aliás, não sendo outra a razão de Jesus, na Oração O Pai Nosso, ensinar “Não nos deixe cair em tentações, MAS, livra-nos do mal”. Pois, Deus não livra das tentações, MAS, exorta a que se libertem dos DESEJOS, porque através da atividade da Lei, impõem-se as justas admoestações cármicas, auxiliando aos que divergiram do Caminho a que reconheçam o erro praticado e busquem readequar-se.


1:8) “Se tu não sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sai-te pelas Pisadas dos rebanhos, e apascenta os teus cabritos junto as tendas dos pastores”.

1:8) Em resposta, simbolicamente foi-lhe dito : Se não reconheces o Caminho (“se tu não sabes”), tu que ainda nutre vivaz anseio à Luz, pois mantém-se ainda (“formosa entre as mulheres”), guia-te pela orientação haurida da intuição, para poder extrair, mesmo pelo presenciado nos demais (simbolizado pelas “pisadas do rebanho”), o Caminho à Verdade. Caminho que está demarcado por vivências, próprias e de terceiros, posto haver sido trilhado por sábios “pastores”, simbolizando a presença na Terra dos profetas e de espíritos que se elevaram à condição de guias; na Palavra. Assim, irás encontrar a “tenda dos pastores” simbolizando a verdadeira assembléia dos adequados, aqueles espíritos que almejaram o mesmo objetivo existencial, o desenvolvimento espiritual, ou seja, ao manter-se adequada à Sua Vontade (ao Seu Nome), a mulher liga-se à Luz, recebendo a Força para superar os seus desejos. Auxílio que advém à Terra através da sutil matéria, por ser essa a via por onde passam as influências beneficiadoras da Sua Vontade, sob Irradiações construtivas, encorajadoras, beneficiadoras, no simbolismo, obtendo Forças e entendimento para poder “apascentar os seus cabritos”. Simbolizando a possibilidade de poder ligar-se à Luz e à Verdade, ao assim conseguir orientações corretas para DEBELAR os DESEJOS. Aliás, desejos, estão bem simbolizados pelos “cabritos”, posto serem animais irrequietos e insaciáveis, que devoram a tudo; portanto, que agem através de um interminável fluir dos desejos.


1:9) “Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha”.

1:9) Simbolizando que, na Criação, cada qual tem a sua precípua finalidade, sendo de real significância, simplesmente, a sua atuação contributiva, a participação ativa, na possibilidade da sua espécie, compondo o harmônico Todo, pois, cada um e todos os seres podem e devem apresentar-se naturalmente ativos na Criação. Portanto, não havendo nenhum desdoiro à mulher, que os textos a comparem a outra das belezas da Criação. Porque, aos olhos de Deus, todas as puras criaturas da Criação (“éguas do faraó”) são igualmente valiosas, belas, posto serem partícipes do Seu Reino. Ao ser designada de “querida minha”, a alma feminina evidencia ser preciosa ante Deus, mas, para tanto, requerendo que se adeque ao Todo, daí, que se empenhe em manter a naturalidade do ser, senão destoará da harmonia e equilíbrio reinante em Seu Reino.


1:10) “Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares”.

1:10) Equivale a : A pura e natural beleza da mulher terrena, resplandece ainda maior do que todas as jóias e adornos com as quais busque se enfeitar. Trata-se, pois, da sua beleza interior, que requer mesmo ser cultivada, sobrepondo-se às “jóias” terrenas (deveres e conceitos), a fim de cumprir o desiderato mor para a mulher: SERVIR de farol e arrimo ao homem, por esse necessitar do auxílio da mulher, na condição de “elo” com a Luz.


1:11) “Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata”.

1:11) Porém, se tornando nesse “elo”, somente se persistir no rumo indicado por sua intuição, que aponta para um propósito existencial altaneiro. Pois assim ativando-se, a mulher adquire o simbólico galardão de ouro incrustado de prata, representado pelo brilho da sua pureza, que resplandecerá sobre tudo e todos na Terra. Essa premiação celestial se traduz em bênçãos e proteções (“te faremos”); porém, sob uma severa condição: Se mantiver-se adequada à Excelsa Vontade, ou seja, à Lei Natural, pois, como Essa ativa-se automaticamente, justifica e elucida as palavras: “te faremos”, por ser uma premiação da Luz que, sob justos efeitos retroativos, atua, no sentido de auxiliar os que mereçam.


1:12) “Enquanto o rei está sentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume”

1:12) Mesmo estando distante da Divindade, se a mulher mantiver a NATURALIDADE, portanto, sem que necessite de um MOTIVO tangível, para vir a adorá-Io, SEM ESFORÇO, se fará notada pela Luz, em sua adequada atividade, como um perfume (“o meu nardo exala”).


1:13) “O meu amado é para mim um saquitel de mirra, posto entre os meus seios”.

1:13) A Força do Amor de Deus significa para a mulher o que de mais refinado pode haver (“saquitel de mirra” simboliza um perfume que exala, logo, imaterial, sublime, posto transcender). Por isso, em consonância a esse reconhecimento, do íntimo (“seio” simboliza, portanto a pureza do assomo intuitivo), alteia-se, capacitando-a a assim reconhecer o Seu Amor, porque se liga a. Esse.


1:14) “Como um racimo de flores de hena nas vinhas de El-Cedi, é para mim o meu amado”.

1:14) Embora apenas possa pressentir a Sua presença mediante o reconhecimento do Seu Amor (aroma das flores), pressente a sublimidade Daquele do Qual todo esse Amor está sendo aflorado (“racimo”, que significa “em cachos”, portanto, o Seu Amor que de fato se derrama sobre a Terra). Algo que se expande rumo abaixo, logo, expressando a Força Espiritual que, se e quando reconhecida, permite a mulher adequar-se, capacitando-a a participar do Seu Reino, porque tornou-se partícipe do Seu Amor.

1:15 ) “Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas”.

1:15) “Querida minha”, expressa que Deus ofereceu à mulher especiais qualificações (“dotes” / dádivas, contidas na sua mais refinada intuição), das quais necessita utilizar-se, para poder cumprir de maneira adequada o seu peregrinar na materialidade, por isso, a Lei exige recíproca dessas Suas dádivas, dar/receber. E, para tornar-se merecedora de praticar essa COMUNHÃO com o Senhor (participar do Seu Reino, ou seja, do Seu Amor), necessita manter a visão existencial calcada na PUREZA, simbolizado pelos seus (“olhos como de pomba”). Portanto, evidenciando-se adequada as Leis da Criação, assumindo a condição precípua apenas à mulher, tornando-se partícipe da Sua Obra, ao direcionar também o homem à Luz (simbolizando a máxima expressão de formosura), logo, tornando-se realmente formosa (“eis que és formosa”). No reiterar da expressão “formosa”, a idéia de configurar à magna investidura da mulher (norteadora), reside um seu compromisso ou mesmo um juramento, pois, nos antigos textos, a repetição equivalia a assim ter se expressado. Havendo exemplos, notadamente, nas expressões de Jesus que iniciam-se com a expressão “na Verdade, na Verdade vos digo...” que equivale a uma Sua promessa, portanto, um Seu compromisso. Demais, comprovando, a mulher adequada tem olhos somente para o que seja puro (pomba), porquanto “aos puros, tudo é sempre puro”.


1:16) “Como és formoso, amado meu, como és amável. O nosso leito é de viçosas folhas”.

1:16) Na frase a elucidação de que a mulher que se revelar em partícipe da Sua Obra, assume a expressão máxima de toda a formosura na Terra, portanto, tornando-se também mais formosa, por cumprir a participação nesse Seu Amor, mediante o reconhecimento das dádivas que recebeu com vistas a lograr o seu aprimoramento. Outrossim, ao assim altear-se, a mulher se apresenta aos olhos do homem como a auxiliadora idônea, aquela que se mantém em Seu Amor, e que pode lhe servir de apoio, por suavizar sua caminhada. Ao lembrarmos Jesus, “meu jugo é suave”, temos uma analogia, porque aqueles que reconhecem o Amor de Deus, sentem-se assim amavelmente acolhidos em Sua Criação. A ponto de sentirem o vivenciar cotidiano como se estivesse mesmo entre as “viçosas folhas” de um “leito”, pois, sejam doces ou amargas as suas experiências, sabe serem as que necessita; reconhecendo-as sempre benéficas.


1:17) “As traves da nossa casa são de cedro, e o seu teto de ciprestes”.

1:17) “Casa”, no sentido amplo, abrange o “lar da Criação”, e como a mulher se encontra como direcionadora na Terra, aqui requer que ela se revele idônea, confiável auxiliadora. Outrossim, “traves” simboliza segurança, enquanto “ciprestes”, a beleza que se encerra no seu adequado existir na Terra, o “lar” no qual é a responsável perante a Luz. Revelando ainda que, se e quando a mulher reconhece Seu Amor, sente-se segura, e confortada... pois em tudo enxergará beleza, mesmo no que seja difícil ou adverso.

sábado, 15 de março de 2008

Capítulo 2.

2:1) “Eu sou a rosa de Saron, o lírio dos vales”.

2:1) Simboliza a vontade de ser notada em sua adequação, ressaltando a beleza desse seu agir participativo, simbolizado pela rosa de Saron (recebendo e oferecendo a beleza/ dar e receber). Demais, com base na pureza (simbolizada no “lírio”), busca por adequar-se à Sua Vontade, então, sendo também reconhecida pelo Amor, do qual estará intuitivamente ligada, do Amor participando. Todavia, há a ressaltar um outro aspecto, o intelectivo, pois aquela que participa intuitivamente no Seu Amor, não se dá conta disso, portanto, ao assim exclamar “eu sou a rosa de Saron”, evidencia ser uma autodenominação, portanto, trata-se de um assomo já torcido, resultando em vaidade, desejo. E, também ao se sentir como um lírio dos “vales”, portanto, não um lírio do campo - temos endosso, porque evidencia que a sua PUREZA mantém-se ainda escondida, “NO VALE”, não aflorou. Portanto, refere-se à condição latente da mulher, mas ainda não aflorada, adequada à Luz na ação, portanto, ainda não suficientemente desenvolvida.


2:2) “Qual o lírio entre os espinhos, tal a minha querida entre as donzelas”.

2:2) A resposta do Senhor endossa a interpretação, porque se encontra a mulher ainda entre espinhos, pois, vivencia (“luta”) por sobressair-se (a sua Pureza está ainda ameaçada pela vaidade e por desejar “espinhos”). Dessarte, o elevar-se do “vale” para os “campos” (Terra, onde servirá de exemplo dignificado ao homem), permanece sendo pela Luz ainda aguardado. Aguardado, porque o seu anseio é notado pela Justa Lei, equivalendo a assegurar que se e quando a sua Pureza se destacar como um lírio, sobrepor-se-á aos seus desejos, ressurgindo da matéria, logo, alteando-se também dentre as mulheres, tornando-se na Sua querida “entre as donzelas”, simbolizando a expectativa de que a “convocada” se torne em “escolhida” pela Luz (ante a Lei).


2:3) “Qual a madeira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os jovens; desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar”.

2:3) Evidencia que o seu desvio persevera vigente, pois o prop¬sito da feminilidade terrena, remanesceu aí esquecido, porquanto compara o Senhor, situando-o na condição de “sombra”, portanto, uma fonte de propiciações a ser gozada na própria Terra, simbolizando desejar por amenidades (sombras) sob graças e benesses. Pois identificou-O (“tal é o meu amado”) equivalente a uma “macieira entre as árvores do bosques”; nisso, denotando um mui comum erro, o de terrenalizar o Amor da Divindade, desejando propiciações tangíveis, um viver na Terra sob usufruições, sob “graças”. As doutrinas contribuíram para que esse erro fosse pela mulher cometido, ao venderem uma idéia a respeito da Divindade que A torna entendida como um serviçal prestativo, do Qual os “fiéis” esperam por constantes benesses (“DESEJO a Sua sombra”). Aliás, o generalizado vezo de pedir, pedir e pedir, professado pelos “fiéis” decorre dessa bisonha idéia que fazem da Divindade e das Suas Justas Leis... DESEJO de permanecerem assentados à Sua “sombra”, em permanente gozo, simbolizado pelo (“para o MEU paladar”) são “seus doces frutos”. Ao assim confundirem-se, a mulher acentuou o erro, buscando no referencial, identificar Àquele que é incomparável, posto único: “tal é o meu amado entre os jovens”.


2:4) “Leva-me à sala do banquete, o seu estandarte sobre mim é o seu amor”.

2:4) Da aceitação da idéia de que a Divindade ampara e beneficia aos que pedem, simboliza a falseada expectativa de ser levada à “sala do BANQUETE”, sem que no entanto, se empenhe por merecer tal encaminhamento, porque a Luz não desce à sua procura, aguarda ser pela mulher encontrada. Pois, mesmo ao Jesus falar sobre a mesa posta, ou o “batei e abrir-se-vos-á”, ou o “procurai e encontrareis”, sempre interpôs uma prévia condição: a de que o ser humano atuasse (os verbos “batei” e “procurai” assim indicam). Portanto, para merecer o “banquete”, haveria a mulher de se empenhar, não cabendo o acalentar de uma apadrinhada condução; “leva-me”. Se os “fiéis”, ao invés de desejarem, passassem a enxergar nos efeitos retroativos que estampam-se no seu cotidiano (“o seu estandarte sobre mim”), notariam a SEVERIDADE do Seu Amor, pois mesmo sendo “religiosos”, devem considerar que, com vistas a exortá-Ios à readequação, “O Senhor pune e castiga aos que ama”. Destarte, deixariam de expectar por uma falaciosa “salvação” que “um dia”, todos, embora tardiamente, saberão que não se cumprirá.


2:5) “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor”.

2:5) Sob a influência das falsas doutrinas, é mesmo assim que o “fiel” pensa e age, por esperar da Divindade benefícios (“Sustentai-me com passas e confortai-me com maçãs”), sem fazer por merecê-Ios. Adoção que torna esse ser humano, ante o olhar de Deus (Sua Vontade), como uma ignorante e petulante criatura, exigente. Ressalta ainda que a mulher confundiu-se, porque supõe estar o Seu “amor”, preocupado em confortar e amparar o seu corpo carnal. Algo que sob o conceito família tornou-se num “dever”, aliás, amparado nas leis terrenas, dever que obriga maridos a sustentar mulheres válidas, ao divorciarem-se, ou a filhos indolentes.


2:6) “A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a direita me abrace”.

2:6) Errando, a mulher ainda acalenta a ilusória hipótese de ser “sustentada” materialmente (“amor” terrenal) dos males que, intuindo, “sabe” que cedo ou tarde terá de arrostar, por força da infalível atividade Justa das Suas Leis Perfeitas.


2:7) “Conjuro-vos! ó filbas de Jerusalém, pelas gazelas do campo, que não acordeis nem desperteis o amor, até que este o queira”.

2:7) Essa passagem nos lembra o inspirado poema de (São) João da Cruz, “A Subida do Monte Carmelo”; ao qual já nos aludimos: (“Para chegares ao que não sabes, hás de ir por onde não sabes”). Porque, nesses versos do Livro Cantares há um análogo propósito, o de alertar que o Caminho ao desenvolvimento espiritual, que retrata a ÚNICA RAZÃO para os seres humanos se encontrarem na Terra, é trilhado mediante a atividade pautada na PUREZA. A Naturalidade de “ser”, porquanto, ESFORÇOS em colimá-Io, são sempre enganosos, daí, nefastos, porque divergem do Caminho à Luz, embora seus adeptos não se dêem conta do desvio que assim praticam. O que vimos indicando para situar o ainda incompreendido “livre arbítrio”, agora, com as palavras desse verso, e a explicação que oferecemos, permitirá compreender que a PUREZA a que nos aludimos, refere-se à manifestação advinda sob a voz do espírito, sem estar estribada em nenhum MOTIVO, daí, pura (fiel à intuição). Assim sendo, todo aquele que ESFORÇAR-SE desejando vir a assim DESPERTAR O AMOR, estará se enganando, por distanciar-se da imprescindível NATURALIDADE, simbolizado nas “gazelas do campo”.

Se nos remetermos aos versos antes interpretados, veremos que esse, o ora enfocado, alteia-se como um necessário libelo alertador, porque a mulher, até agora, veio confundindo-se, pois a despeito do seu anseio determinar o rumo certo, optou por cumprir aquilo que o intelecto deseja, ou evita, que também é desejar. Nisso, a voz do espírito tornou-se abafada pelo dominante intelecto. Entretanto, aqueles que se esforçam para amar, apenas supõem que “amam”, pois basta haver um MOTIVO para amar, para não amarem, por ser o amor doador; eis aí a causa dos casamentos haverem sido transformados em meros contratos, onde as partes calculam os “motivos” que têm para que venham a “amar” o cônjuge. Quanto ao “amor a Deus”, ocorreu o mesmo, pois, segundo vimos avaliando, a mulher teceu comparações, desejosa, logo, sob motivos.


2:8) “Ouço a voz do meu amado; ei-lo aí galgando os montes, pulando sobre os outeiros”.

2:8) Embora seja patente que a mulher divergiu do seu propósito maior, ainda mantém-se dotada das condições para exercer a intuição, daí pressenti-Io – “Ouve-o” - na realidade, “ouve” a sua voz interior, que faz pronunciar o anseio à Luz, mediante assomos intuitivos. Dessarte, mesmo sem vê-Io e sem contatá-Io, pressente a Sua presença. Simbolicamente, na frase “ei-Io galgando montes, pulando sobre os outeiros” porque, apesar Dele ser inatingível, reconhece-o pela atividade das Leis que, afinal, atuam no visível.


2:9 ) “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho da gazela; eis que está por detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades”.

2:9) Simbolismo que mais uma vez aponta para o intuitivo reconhecimento da Sua Onisciência e Onipresença, que penetra desde o íntimo pensar, antes mesmo desse se tornar em manifestações efetivas, na matéria. Portanto, sendo mesmo como se Ele estivesse em toda a parte, por atuar sob Justas e automáticas Leis, (“detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando grades” ).


2:10) “O meu amado fala e me diz: Levanta-te querida minha, formosa minha, e vem”.

2:10) O latente anseio à Luz que a mulher, na condição de representante da espécie feminilidade na Terra, porta desde a sua origem, possibilita esse pressentimento de que é preciosa ante Deus (“querida minha”), anseio que se mostra exortativo: “Levanta-te”. Porque há mesmo o constante exortar à Luz para que a mulher assuma a sua responsabilidade como criatura, daí, “LEVANTA-TE”. Não havendo todavia, nenhum especial apadrinhamento do tipo do que encontram nas doutrinas que prometem o perdão e a salvação incondicionalmente; há de empenhar-se, e, a frase “e vem”, complementa o endosso para essa sua incontornável responsabilidade.


2:11) “Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi”.

2:11) “Passou o inverno e cessou a chuva”, também não são palavras para serem tidas como registrando apadrinhamentos, porque simboliza que para aquelas que reconhecem a presença do Amor (atuando na Lei), o adverso não lhes será adversário, mas útil. Porque o “passou”, significa haver reconhecido que as suas vicissitudes foram úteis para que pudesse lograr sabedoria; única via para o desenvolvimento da sua condição participativa no Todo. Pois, adestram-na, exercitam-na, no sentido de viabilizar que reconheça haver, mesmo nas agruras, a Mão da Providência, porque, aquela que defronta cármicos efeitos, se cônscia, não os recebe sob revolta, mas, como exortações que viabilizam o aprimoramento.


2:12) “Aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aveS, e a voz da rola ouve-se em nossa terra”.

2:12) Essa frase indica que a mulher se encontra capacitada, devido à sua maior sensibilidade, a poder depreender, na natureza, a presença da Sua Vontade; a natureza é a “fala do Senhor”. O simbolismo está no fato dela atinar que tudo na Criação tem o seu tempo certo para “florescer” (“aparecem as flores”). E, a expressão “chegou o tempo de cantarem as aves”, endossa o interpretado, pois, a natureza registra um severo eterno dar e receber, imposto por Sua Lei. O ligar-se à natureza, algo mais fácil à mulher, devido à sua origem mais refinada, possibilita a valorização da pureza, endossado pelo simbolizado da “voz da rola que ouve-se em nossa terra”... Porque essa “voz da rola que ouve-se em nossa terra”, simboliza as manifestações lastreadas no puro ANSEIO, portanto, algo análogo ao simbolismo da SAUDADE da “casa paterna”, aquela que o filho pródigo sentiu. Portanto, trata-se de uma manifestação adequada, posto efetivar-se sob um seu sentimento intuitivo, que tem saudade da Pátria, registrando o anseio.


2:13) “A figueira começou a dar os seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te querida minha, formosa minha, e vem”.

2:13) Assim, sob a ação da intuição, a mulher atenta para os efeitos naturais da renovação, na constante transformação da natureza terrena, que registra o dar e receber. E, como se trata da figueira, lembra que há de reparar, nesses simbólicos efeitos, a evidência da proximidade da época do Juízo, conforme Ensinou Jesus. Portanto, nesse reconhecimento, sente-se mais exortada a lograr cumprir o seu papel, SERVIR, através de uma digna conduta. Porque ao integrar-se ao Todo, por haver atinado com a atividade da Sua Vontade na natureza, tudo quanto avaliava “importante”, apequena-se, permitindo o aflorar da sua vontade de participar. Um chamado haverá então, simbolizado no (“e vem”), pois os “sinais da figueira”, aí estão evidentes em toda a Terra, como havia profetizado Jesus. Contudo, como se fosse um amável chamado (“o meu jugo é suave”) da Luz às mulheres adequadas (“formosa minha”); um chamado audível às possuidoras de “ouvidos que ouvem”.


2:14) “Pomba minha, que andas pelas fendas dos penhascos, nos esconderijos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu rosto amável”.

2:14) O significado da pomba, reflete o cuidado da Luz em fazer com que a mulher persevere na busca da sua adequação, mantendo-se na PUREZA, pois, aquela que diverge, incorre no engano de tentar esconder-se nos abismos dos desejos (“rochas escarpadas”). E, o andar “pelas fendas dos penhascos” simboliza propender para vergar-se às tentações, desejos, distanciando-se da Luz, e do AMOR. Mas, ainda que divergindo do Caminho, a mulher permanece latentemente dotada de qualificações especiais, por isso, ainda consegue pressenti-Io, mas Esse exige que revele-se em sua feminilidade “mostra-me o teu amável rosto”. Portanto, sendo “exortada” pelo Seu Amor, que almeja ver seu “rosto amável” (pois, sob a natural graça da expressão facial, a mulher revela-se adequada à Luz). Porque o Senhor sabe estar ela dotada de condições naturais (pureza) que podem elevá-Ia à digna postura (“porque a tua voz é doce”). Todavia, a mulher, não emite a voz doce, a do espírito, então, cismando e sob desejos, alija-se da Luz, permanecendo entre “rochas e penhascos”, simbolismo para a sua entrega à matéria, onde se aprofundou.


2:15) “Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”.

2:15) Sob o anseio, ela ainda reconhece que a Vontade Suprema espera que abandone os pensamentos negativos, as dúvidas, a falta de CONFIANÇA na Sua Justiça, simbolizados pelas raposas e as raposinhas, que atrapalham a possibilidade da “colheita dos frutos”. E, de fato, os pensamentos de desconfiança, REVELAM O DEVASTAMENTO DO FLORESCER DA FÉ (“vinhedos”), pondo em risco o crescimento espiritual. A frase retrata uma realidade, pois algumas mulheres embora anseiem pela Verdade, desvirtuam-na. Equivalendo a ter uma boa floração, porém desperdiçada. Porque, sob anseio, sentem o impelimento à Luz, porém, ao empregarem esforços para alcançá-Ia (em trabalhos para a igreja etc), supõem-se “melhores”. Ora, essas mulheres, já receberam a sua paga, embora terrena, no “aplauso” grupal que tanto esforçaram-se por receber. Suas florações não chegam, pois, a apresentar os correspondentes frutos (valor espiritual), pois, esses, somente no exercício PLENO do amor ao próximo revelar-se-iam presentes, mas, nesses seus esforços, evidencia-se a base no amor próprio, pois, invariavelmente, surgem calcados num MOTIVO, o de que sejam vistas como “melhores”. Mas, onde há um MOTIVO, há desejo; carecem, pois da naturalidade do “ser”, base para a aprovação do Senhor (da Lei).


2:16) “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre lírios”.

2:16 ) Simboliza mais uma vez que a mulher se encontra dotada das condições para pressentir a sua ligação com a Luz, mas, desvirtua-a, porque acalenta a fantasia ou o desejo de que Essa venha a agracia-la (“apascenta o rebanho entre lírios”). Demais, com amenidades, portanto, sob ócio, e, não, sob o participativo e requerido movimentar-se, adequando-se ao ritmo da Sua Criação.


2:17) “Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas sobre os montes escabrosos”.

2:17) Mas, algumas das que divergem do Caminho, ainda retêm capacidade para intuir, nisso, pressentem que serão admoestadas pela ação Justa e automática da Sua Lei. E, com base nesse íntimo temor pressentido (“antes que fujam as sombras”), almeja ainda encontrar o Seu Amor. Porém, esse seu incipiente resquício de intuição, não se revela suficiente, por isso, pretende que O Senhor é Quem a busque, que a “encontre”; “volta amado meu, faze-te semelhante ao gamo”. Outrossim, avalia que a intervenção da Luz venha a agraciá-Ia de maneira graciosa (expectativa de graças...de graça) (“sobre os montes escabrosos”), evidenciando a expectativa de ajuda salvadora. E, “Faze-te semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas”, indica algo que não pode se tornar realidade, porque existe apenas nas aliciações lastreadas nas tagarelices de “doutrinadores”. Porque as arbitrariedades não podem ser cumpridas por Aquele que instituiu Leis Naturais perfeitas, e que, por isso, “descansou”.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Capítulo 3.

3:1) “De noite, no meu leito, busquei o amado de minha alma, busquei-o e não o achei”.

3:1) Seguindo como é comumente professado, com base na aceitação das facilidades acenadas nas igrejas, a mulher passa a buscar a Deus por meio de rogativas (DESEJOS). Mas, infrutiferamente, pois, acomodada, deixa de se empenhar em apresentar conduta consoante ao amor que alega haver reconhecido (“De noite, no meu leito, busquei o meu amado”); “de noite”, e “no meu leito”, simbolizando a sua “procura” acomodada, e, não, sob cônscio labor. Mas, a essas, Deus desaparece (“busquei o Amado e não o ache”), pois, Deus se ausenta dos que buscam-no intelectivamente, sob esforços com que pretendem objetivar “prêmios” celestiais, ou, quando se acomodam “crendo” que basta pedir, pedir e pedir... essas, serão as que como no verso, dirão... “e não O achei”.


3:2) “Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade, pelas ruas e pelas praças; buscarei o amado da minha alma. Busquei-o e não o achei”.

3:2) A mulher é aqui instada, por sua intuição, a erguer-se (“Levantar-me-ei”), a fim de buscar por Seu AMOR, porém, perante a Lei, nada vale tal “boa vontade” (mera promessa: “levantar-me-ei”); porque a Lei requer ação do espírito, no presente do tempo. Portanto, continua a mulher a apenas desejar, fantasiar, mas não atua. E, no buscar encontrar o Seu Amor “pelas ruas e praças”, simboliza que busca-o através das igrejas e “mestres”. Assim, não O encontra mesmo, pois, Deus não se mostra aos que alegam buscá-Io, sem que todavia se revelem atuantes, sob o amor ao próximo.


3:3) “Encontraram-me os guardas, que rondavam pela cidade. Então lhes perguntei: Vistes o amado da minha alma ?”

3:3) Aquela que ainda anseia, sempre será alvo da amorável Retroação da Sua Lei (“encontraram-me os guardas”). E, esses guardas, na condição de efeitos da Sua Providência (Leis/ carmas), lhes indicarão, sob admoestações cármicas, o Caminho do Amor, do qual a mulher se afastara, limitando-se a perguntar. Porque, ao limitar-se a indagar, denota que não atua, posto não manter-se sob o anseio, que a encaminharia à Verdade sem que necessitasse de que terceiros (doutrinas) a “encaminhasse”.


3:4) '”Mal os deixei, encontrei logo o amado da minha alma; agarrei-me a ele e não o deixei ir embora, até que fiz entrar em casa de minha mãe, e na recamara daquela que me concebeu”.

3:4) Assim que contactou a Sua Lei (guardas), sob efeitos cármicos, foi induzida a poder reconhecê-Io, todavia, continuou errada, por pretender AGARRÁ-LO para si, no desejo de levar o Amado para a casa de sua mãe (simbolizando a lembrança “saudosa” da época em que o seu espírito mantinha-se puro, antes da puberdade). Simbolizando também o nefasto fruto do que se doutrina nas igrejas, onde a idéia de o Senhor ser uma espécie de propriedade daquela “sua” igreja, passou a ser comum. Contaminando negativamente os que supõem ser isso possível, apesar de lerem na Bíblia que o Senhor não faz acepção de pessoas. Tais ESFORÇOS, com os quais visam cumprir metas conhecidas (DESEJOS), significam meras tentativas de comprimir o transcendental no âmbito das coisas; fruto da presunção lastreada na ignorância. E, tentar “levá-Io à casa da mãe”, simboliza a “intimidade” que as doutrinas ensinam que os “fiéis” devem estabelecer com o Senhor, por exemplo, quando afirmam “não aceitar”, a pobreza ou a má saúde, adversidades (ignoram a Lei e desconhecem a humildade). Portanto, sob a intenção de tê-Lo para si, como sua “propriedade”.


3:5) “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira”.

3:5) Repete-se a advertência anterior, visando com que depreendam que de nada valem os ESFORÇOS (procurá-Io nas ruas da cidade), se perdura a embasá-Ios, uma intenção, um MOTIVO, para exerce-Ios (ser agraciada com benesses terrenas). Pois, buscar o transcendental AMOR, por via de esforços, que contemplam um motivo, é sempre inviável, por não haver uma voz interior a norteá-Ios, portanto, por ausentar-se a requerida NATURALIDADE DO SER. Por isso, aquela que tenta “despertar” o amor, não ama verdadeiramente a ninguém, não é natural nem verdadeira, ama a si mesma, pois, o amor puro é sempre DOADOR, não se cingindo a objetivações (DESEJOS), sendo exercido mediante a espontaneidade do “ser”. E, havendo um “motivo” para “amar”, há o amor-próprio, e, não, o amor ao próximo, resultando num erro, quase sempre irreparável, por insuspeitar-se de que verdadeiramente, não amam; senão a si. Entretanto, o texto ressalta, ensinando, “até que esse o queira!”.


3:6) “Que é isso que sobe do deserto, como colunas de fumo, perfumado de mirra e de incenso, e de toda a sorte de pós aromáticos do mercador?”

3:6) Aqui vemos que a despeito de portar latente ANSEIO à Luz, a mulher foi despertada para “algo” terreno (“Que é isso?”), e constata, e deseja (“colunas de fumo, perfumado de ...”). Pois, encontrando-se sob o domínio intelectivo, passa a “sublimar” o que é material, “entendendo” preencher o seu objetivo (“fumo” / “eleva-se”). Porém, como o que lhe desperta a atenção vem do deserto, evidencia conotar-se mesmo da condição de um mero fumo, porque evola de um solo sáfaro, e esfumaça-se, por serem desejos. Deserto, ainda simboliza o árido campo onde o raciocínio “encontra” as suas “grandezas”, supondo-as “elevadas”, e “achando” serem refinadas (“perfumado”). Todavia, adquiridas via pagamento, portanto, como “entende” serem as graças que compra nas igrejas, de sacerdotes que atuam como se fossem “mercadores”.


3:7) “É a liteira de Salomão; sessenta valentes estão ao redor dela, dos valentes de Israel”.

3:7) Em conseqüência dessa sua “visão” calcada em valores terrenos, embora “sublimados”, há a seguir, no texto, uma sucessão de enaltecimentos e valorizações que, pautando essa mesma linha, espelham o domínio intelectivo sobrepondo-se à voz interior. Na frase supra, o enaltecimento do PODER simbolizado pelos “Sessenta valentes estão ao seu redor”. Nas seguintes, outros aspectos materiais são ressaltados, evidenciando que a mulher, negligenciando, permitiu-se dominar pelos desejos, acentuadamente.


3:8) “Todos sabem manejar a espada e são destros na guerra; cada um leva a espada à cinta, por causa dos temores noturnos”.

3:8) Agora, o enaltecimento à FORÇA bruta, numa clara identificação da presença dominante do intelecto sobrepondo-se à voz do espírito. E, ao aludir-se a “temores noturnos” identifica a presença do medo, que somente surge devido à ausência da confiança, falta de FÉ. Porquanto, o espírito, se e quando dominante, desconhece o temor; apenas o intelecto está habilitado a desconfiar, duvidando da Sua Justa Providência (Lei), cultivando o medo.


3:9) “O rei Salomão fez para si uma liteira de madeira do Líbano”.

3:9) Agora, várias citações relacionadas aos valores extraídos da obra humana, por exemplo, o enaltecimento à SEGURANÇA edificada com os recursos intelectivos, terrenos. SEGURANÇA, que muitos acreditam encontrar nos recursos que a Técnica, a Ciência, Força ou Dinheiro “podem oferecer”.


3:10) “Fez-lhe as colunas de prata, a espalda de ouro, o assento de púrpura, e tudo interiormente ornado com amor pelas filhas de Jerusalém”.

3:10) Nessa frase, há o simbolismo da tentativa de terrenalizar o AMOR (“ornado com amor”). A confusão que os dominados pelo intelecto promovem, ao suporem que naquilo que conceituam como sendo um DEVER, resida excelsitude, desviou-os do vero e puro AMOR, a ponto de não mais identificá-Io, adotaram o amor próprio. Aliás, comprovando essa ignorância a respeito do amor, temos nas afirmações “fazer amor”, “dever de gratidão” etc; conceitos absolutamente estranhos à naturalidade do SER, mas, tomados como válidos, devido à ignorância (negligência) espiritual. “Ornadas pelas filhas de Jerusalém”, é assim mesmo que passam a supor serem as suas igrejas, edificações que se esforçam em multiplicar, tendo-as como do “agrado de Deus”. O ouro e a púrpura, sempre estiveram presentes nas igrejas, porém, agora, mantêm-se escondidos dos “fiéis”, embora os donos das igrejas e seus empregados não disfarcem que objetivam aumentá-Ios, alardeando serem necessários para a instalação do “poder de Deus na Terra”...?! Porque de há muito que o “poder de Deus” passou a ser medido sob o enfoque material, curas, milagres, número de fiéis, aumento de igrejas, de programas de rádio e televisão e países em que atuam. O ensino da Verdade, ou o auxilio na Sua busca, não mais se capacitam a promover, nem lhes interessa, atrai-os apenas o dinheiro.


3: 11) “Saí, ó filhas de Sião, e contemplai ao rei Salomão com a coroa com que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu coração”.

3:11) Nessa voz da noiva (mulher), a sua visão e tentativa de impressionar a Luz, exortando a si mesma a contemplar os “valores” terrenos, considerando os alvos que justificam seus esforços (“Saí ó filhas de Sião”). A ênfase à “grandeza” de Salomão e o enaltecimento àquela que foi a sua mãe (Bate-Seba), confirma o que afirmamos, pois, os relatos bíblicos definem-na como alguém menor, voltada às posses e poder. Todavia, ante os céus, tais “valores” não contam. Algo análogo ao que ocorreu com as edificações de imensas e faustosas catedrais, construídas tendo em vista o enaltecimento dos mandatários, e os interesses mercantis daqueles povos, e, não, por louvarem a Deus. Tal “júbilo do seu coração”, portanto, assemelha-se ao mesmo “júbilo” que o rei e sua mãe sentiram, ao serem empossados no poder, imersos no mais absoluto fausto daquela época. Quanto a ser o dia do “desposório”, endossa a visão menor, terrena, pois Salomão a ninguém amou, nem poderia pois, entre esposas e concubinas “possuía” mais de um milhar...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Capítulo 4.

4:1) “Como és formosa, querida minha como és formosa! Os teus olhos são como os das pombas, e brilham através do teu véu. Os teus cabelos são como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte de Gileade “.

4:1) Agora temos a primeira fala do homem, palavras que identificam o seu desejo carnal, ante a mulher, portanto, registrando como ela se revela aos seus olhos (“como és formosa”). E, na sua própria ação, temos revelado apenas o desejo de impressioná-Ia através dos “valores” que possui e ostenta: força, poder, segurança, “amor” pelos “seus”, posses, e uma promessa de um futuro “seguro” e faustoso (“amor”). Porém, vemos nesse texto um pressentimento quanto a existir uma outra beleza, recôndita, na mulher. Mas, não a identifica, posto ainda estar encoberta (“véu”).


4:2) “São os teus dentes como o rebanho das ovelhas recém-tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e nenhuma delas há sem crias”.

4:2) A mulher, para os homens atidos a coisas, assim como descrita no texto se revela, vista sob o enfoque dos seus “dotes físicos”, pois, não foram induzidos a enxergarem seu verdadeiro valor, que se encerra no fato de representar, na Terra, a feminilidade; a mulher, necessita revelar-se como a “ponte” para a Luz. Todavia, enceguecido para os reais valores, denota enxergar na mulher apenas os valores computados na Terra como “preciosos”, e requerendo-os até em dobro (gêmeos), nisso, revelando as suas expectativas de cumprir os seus desejos e prazeres, intensamente. Demais, a alusão a “gêmeos”, também indica a padronização a que foi a mulher relegada, após perder a sua condição de norteadora espiritual, que marca a sua individualidade, vista pelos homens sob um respeitoso reconhecimento, e, gratidão. Algo que, de per si, já os tornariam melhores, e, empenhados em mais melhorarem.


4:3) “Os teus lábios são como um fio de escarlate, e tua boca é formosa, as tuas faces, como romã partida, brilham através do véu”.

4:3) A beleza feminina, sendo vista pelo homem, no qual não despertou os reais valores, sob o seu aspecto menor, posto encarada apenas como uma fonte para o seu prazer. Mas, ela se agrada disso, desde que abandonou o seu “primeiro amor” (Amado, e passou a interessar-se no noivo terreno), passando a vergar-se ante os DESEJOS de poder com ele, participar do fausto e dos prazeres. Todavia, novamente o engano, o falso que encanta os intelectivos, simbolizado pelo “véu” que vimos antes encobrir seu real brilho.


4:4) “O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para arsenal; mil escudos pendem dela, todos broquéis de valorosos”.

4:4) Além do desejo de possuir uma mulher tão valorizada sensualmente, há também o desejo de mostrá-Ia aos outros como um “troféu”... Pois, apesar do exacerbado sentido de posse que os homens nutrem em relação ao que “possuam”, os mais intelectivos, somente encontram algum “valor” no que suscite o interesse ou a cobiça alheia... Por isso, também valoriza-se apenas ao que conceitualmente possa ser considerado valioso... Paradoxalmente, até mesmo para reconhecer algo de valor, em si mesmo, o homem depende da aprovação alheia, o seu intelecto assim lhe impõe. Pescoço, simboliza uma coluna, portanto, a sustentação, que ao invés de ser notada como ligada ao espiritual, passou a ser “entendida” como sustentáculo para algo terreno, simbolizado pelo “arsenal” de possibilidades para fazer da “sua” mulher algo que identifique o seu poderio material, sua “bravura” e “masculina”.


4:5) “Os teus dois seios são como duas crias, gêmeas de uma gazela, que se apascentam entre os lírios”.

4:5) O físico (“seios”), aquilo que os intelectivos homens mais enfatizam nas mulheres, continua aqui ressaltado. Porém, na tentativa de sublimar esses seus baixos desejos, “emoldurado” por uma idéia de “pureza” atida à terra ("apascentam entre lírios”).


4:6) “Antes que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte de mirra e ao outeiro do incenso”.

4:6) Como acontece, mesmo que seja tocado pelo íntimo anseio, por causa do entusiasmo produzido pela “posse” de uma bela mulher (sensualmente desejável), o homem sempre deixa para depois a sua busca espiritual. Porque, ausente do norteamento que somente a mulher adequada pode lhe oferecer, passa a supor que sempre haverá tempo ("Antes que fujam as sombras”), para então, com tranqüilidade, interessar-se pelo “mundo espiritual”. Porém, devido ao enfoque atido ao tempo/espaço, quando supõe buscar o Espiritual, apresenta DESEJOS (“irei ao monte de mirra e ao outeiro do incenso..”) Pois, por supor sempre haver tempo para “essas coisas”, busca “primeiro”, cumprir ao que conceitua ser o seu “dever”, mas, que na realidade são DESEJOS, porque interessa-lhe sobressair dentre outros e, mormente, aos olhos da mulher, a fim de que essa se interesse por ele, para “possui-Ia”. E, assim desviado do Caminho à Luz, se e quando sozinho se dispõe a buscar algo de real valor, ainda buscará apenas pelas coisas “sublimadas” pelos “doutrinadores”, ("mirra e incenso”).


4:7) “Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito”

4:7) Para os dominados pelo intelecto, os que somente vêem aquilo que “fala” aos sentidos, culminam por não encontrar nada de “errado” em uma mulher, se o seu físico é “sem defeito


4:8) “Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano; olhar do cume de Amaná, do cume de Senir e de Hermom, dos covis dos leões, dos montes dos leopardos”.

4:8) O homem que busca na matéria a satisfação dos seus DESEJ OS, propenderá a constituir ideais relacionados a lugares, pessoas, novas emoções e, muitas outras COISAS a serem vistas ou revistas, dentro de toda a gama de perspectivas materialistas. Sendo que com todo esse seu esforço e procura, objetiva a “segurança” de uma prazerosa usufruição dessas suas posses materiais. Mas, havendo ainda um outro aspecto a ser ressaltado, o de que o homem sempre passa a “criar” os seus próprios obstáculos, a fim de superá-Ios, porque somente assim se sente “vivo”. No caso, havendo também o interesse de impressionar a mulher, sob atrativas “iscas”, pretendendo se mostrar poderoso e capacitado, “melhor”, por estar sobre (“cume”) os outros poderosos (leões e leopardos).


4:9) “Roubaste o meu coração minha irmã, noiva minha, roubaste o meu coração com um só dos teus olhares, com uma só Pérola do seu colar”.

4:9) A personagem masculina, o noivo, se impressiona com a mulher, embora a ele se mostre valiosa apenas a seus olhos carnais, todavia, na declaração, “com um só dos teus olhares”, evidencia-se a íntima noção do real valor que poderá encontrar na “noiva” amada. E, ao designá-Ia de “irmã”, simboliza haver pressentido que o papel da mulher que deseja, abarca a algo mais do que ser apenas a sua esposa e companheira, embora não possa saber o que seja, por depender da mulher revelar. Porquanto, sendo o espírito o NOVO, não há como o homem avaliar o valor que nela pressente. Daí, terrenalizando-o, situa-o como uma só “pérola” dentre tantas que “sabe” que a mulher, em si, possui e que poderá lhe oferecer.


4:10) “Que belo são teus amores, minha irmã, noiva minha; teus amores são melhores do que o vinho, mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes”.

4:1O) Mas, devido a estar desamparado do auxilio que o nortearia à Luz, o noivo enfatiza o prazer sensual, refletindo o unilateral enfocar do único interesse que a mulher soube nele despertar até então, o físico, para tanto, utilizando-se ainda de expedientes que a tornem ainda mais desejável, perfumes etc. As comparações, (“mais do que o vinho / “ aromas”, ressaltam a presença dominante daquele que é o único capacitado a proceder a avaliações comparativas, o intelecto, por esse ater-se ao mundo dual. Comparações, somente são possibilitadas com base na visão dualista que abriga o referencial, enquanto o espírito somente objetiva e ativa-se no sentido do eterno, onde não há o dual, há apenas o “ser”.


4:11) “Os teus lábios, noiva minha, destilam mel! Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância dos teus vestidos é como a do Líbano”.

4:11) Lábios a destilarem mel e leite, indica o pressentir intuitivo do valor daquilo que poderia sair dos lábios da mulher, portanto, suas palavras norteadoras, ensinando-lhe a trilhar o rumo à Luz, algo não originado do físico, e sim, do espírito. Mas, tal nortear, ausente a intervenção da “mulher idônea”, se encontra fora do seu alcance, dessarte, os reais valores (as suas palavras de auxilio), estiveram mantidas “debaixo da sua língua”. Entrementes, mesmo a felicidade existencial continua a ser objeto da busca, de ambos, mas, como todo o DESEJO, esse também se revela insaciável, porque jamais se esgota, daí manter-se a felicidade escondida, inabordável (“se acham debaixo da sua língua”). Igualmente, a fragrância que o inebria de amor, é falseada, posto ser identificada como algo de superficial, porque permanece na “Fragrância dos teus vestidos”, logo, algo fora do seu “ser”. Portanto, a felicidade e o prazer mantêm-se fora do alcance de um pleno gozo, porque cingem-nos ao periférico, ao superficial, entretanto, intuindo, pressente que para poder atingir a desejada satisfação plena, sob o auxílio da mulher, essa haveria de se despojar da vaidade, despir o “vestido”, por ser nele que colocara sua fragrância, supondo-a seu máximo atrativo: como o “Líbano”.


4:12) “És jardim fechado, minha irmã, noiva minha, és jardim fechado, uma fonte lacrada”.

4:12) Aqui, a intuitiva constatação do noivo, que ao ver na mulher uma sua “irmã”, pressente-a uma representante da feminilidade, aquela companheira “idônea” que significa o seu intuitivamente almejado “adjutório”, como havíamos lido no Gênesis. Entretanto, por ser o NOVO, que está apenas pressentindo, a enxerga um tanto cifrada, indesvelada (“És jardim fechado”). Porque o íntimo da mulher não lhe é desvelado, está “fechado”, “fonte lacrada”, restando dela apenas uma visão superficial, ou seja, a do seu corpo, ao qual passa então a tecer elogios, como leremos a seguir. Mas, “fechado”, também indica que a felicidade que busca sob esforços e mais posses e maior poder, continua sendo inabordável, como se revela o “amor”, quando apenas carnal, sensual. E, “manancial recluso”, ou “jardim fechado”, aliado à expressão “irmã”, simboliza que o preenchimento pleno do papel que cabe a mulher, não foi pelo homem acolhido, porque sendo o NOVO, pode apenas pressenti-Io. Entretanto, como a mulher ainda não se revelou no adjutório idôneo, continua a vê-Ia apenas como a sua noiva terrena, ou seja, atendo-se ainda a desejá-Ia fisicamente, dizendo :


4:13 e 4:14) “Teus brotos são pomar de romãs com frutos preciosos: nardo e açafrão, canela, cinamomo e toda a sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés”. “O nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo, com toda a sorte de árvores de incenso; e mirra e aloés, com todas as principais especiarias”.

4:13/14 ) A visão existencial, sendo assim enfocada apenas pelo intelecto, induz a supor que “sua” noiva, porque avalia que a “possui”, irá perpetuar sendo eternamente a “sua” fonte de prazeres. Daí, ser simbolizada na condição das plantas e árvores, pois essas, reproduzem-se por si mesmas e mais, pois oferecem seus frutos sem nada requerer. Como, aliás, é intuitivamente expectado pelo homem, porque deseja que a mulher seja doadora, pois o amor é sempre e apenas doador. Embora na prática, enquanto distante da Luz, continue a se esforçar por granjear meios e modos de situar-se um possuidor de mais bens e poderes, para a si atraí-Ia.

Claro haver motivo para assim pensar, pois, a perspectiva acanhada que a “visão” unilateralmente calcada no raciocínio induz, não possibilita que o homem atine haver outros valores, transcendentais, tanto a serem buscados, quanto para serem encontrados, na mulher. Especiarias, não são “alimentos”, portanto, simbolizam perfeitamente essa sua visão atida às superficialidades. A unilateral concentração naquilo que é superficial, equivale, em termos de religiosidade, a aceitar a pedra no lugar do pão espiritual, algo que se pratica comumente nas igrejas onde se busca a Luz, não na ação, mas por vias inadequadas, no pedir e na ação proselitista. Mas, se a mulher não se revela aos olhos do homem em nada mais do que a fonte de prazer; e, se repudiando essa sua decepcionante atuação, que fraudou a expectativa da Luz, de idôneo auxílio, buscar por igualar-se ao homem, com ele competindo no campo do trabalho; se ao intuir que haveria de se tornar num “modelo” norteador, desviada da Luz, busca por se tornar num modelo manequim; a mulher haveria de se revelar assim como no texto, em algo equivalente às especiarias, gostosas, ao “paladar”, mas, dispensáveis.


4: 15) “A fonte do jardim é poço de água viva que jorra, descendo do Líbano!”

4:15) Como se pode depreender, devido o homem haver, intuitivamente, pressentido que a mulher é aquela que poderia indicar o Caminho à “fonte de água viva” (Verdade), contudo, sem que haja conseguido realizar esse seu almejo, encontra-se à deriva na Sua Criação, tornando-se num “errante”, num triste “fugitivo” da Luz. Por quê assim podemos interpretar? Porque lemos que o homem passou a enxergar na mulher a fonte de água viva, mas, colocando-a numa condição ainda terrena, porque, embora o Líbano seja uma das mais belas regiões do Planeta, está ainda na Terra, logo, simbolizando que anseia e busca pelo Belo, mas, sob visão intelectiva, busca-o, na matéria. E, ainda reforça o interpretado, por aludir-se á Fonte de um poço do jardim, que “desce” do Líbano, portanto, localizando-a (fonte) nos baixios.


JEREMIAS 2:13 “PORQUE DOIS MALES COMETEU O MEU POVO; A MIM ME DEIXARAM, O MANANCIAL DE ÁGUAS VIVAS, E CAVARAM CISTERNAS, CISTERNAS ROTAS, QUE NÃO RETÊM AS ÁGUAS”.


4:16) “Levanta-te vento norte, e vem tu, vento sul: assopra no meu jardim, para que se derramem os seus aromas. Ah! venha o meu amado para o seu jardim, e coma os seus frutos saborosos !”

4:16) Por possuir tão especial condição, se avalia aquinhoada também de uma especial proteção, por isso, mesmo sem compreender o “mundo transcendente”, intuitivamente, admite-o, por pressentir ser-lhe possível contactá-Io, por intuir estar dotada das condições para tanto. E, então, solicita auxílio ao invisível, comportando-se como os “fiéis” que pedem, por “entenderem” ser a Divindade algo equivalente a um “servo prestimoso”, que cumpre todos os seus desejos, bastando pedir. Porque sendo essa uma “fala” da mulher, depreende-se que, ao ignorar a Sua Lei, “sublima” o pedir, solicitando um auxílio por meio de adventos extra-materiais, fora do humano proceder, ventos etc. Resultando em “frutos saborosos”, que o amado comerá no seu jardim.

Essa postura é, aliás, comum, pois, do mesmo modo que os endinheirados se supõem capazes de tudo, tornando-se “seguros” quanto aos seus destinos, a mulher, ao sentir-se dotada de especiais condições, ao não manter a sua ligação com a Luz, passa a fantasiosamente idear-se capacitada a conseguir tudo... na matéria. Algo que as mulheres tidas como “bonitas” evidenciam, ao exporem-se, como frutos saborosos, porém, com vistas a conseguir “frutos” para si. Outras, vergadas a uma religiosidade apenas “mental”, passam a “sublimar” os seus desejos, sem notar que erram quanto ao propósito existencial, absorvidas que estão em trabalhar para a igreja.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Capítulo 5.

5:1) “Já entrei no meu jardim, minha irmã, noiva minha; colhi a minha mirra e meu bálsamo, comi meu favo de mel, bebi meu vinho e meu leite”. “Comei e bebei amigos; bebei fartamente ó amados”. (fala da esposa).

5:1) Haver já entrado no jardim, que passou a considerar “seu”, indica a sensação e desejo de posse que o homem apresenta ante a tentadora mulher. Contudo, pelo que se depreende do texto, há alusões apenas ao seu aspecto material, prazeroso. Aliás, enfoque material que foi reafirmado pela mulher, no convite que ela própria estendeu aos amigos do esposo: (“Comei e bebei amigos; bebei fartamente ó amados”) (que os amigos do esposo comessem e bebessem fartamente, na condição de “amados”; comentaremos abaixo).

A reiteração do possessivo, na “fala” do noivo, é patente (meu/ minha), registrando a idéia de posse que o homem conservou a respeito da “sua” mulher. Aliás, um vezo decorrente do fato de haver elegido a mulher à condição de um objeto para seus prazeres, por isso, tendo-a na condição de encerrar o máximo “valor” na Terra. E, a resposta ou exclamação da mulher, convidando outros amigos a virem ao “seu” jardim, expressa que também ela se vergou à visão existencial acanhada apenas ao plano material. Pois passou a igualmente “necessitar” que outros, além do noivo, também a admirassem, pois, o DESEJO jamais encontra saciedade em si mesmo; requer sempre mais e mais...

Nisso, expressa-se que ao se ver dominando a “situação”, a noiva deixa de objetivar, como sendo o máximo alvo para o seu existir, a simples constatação de que seja querida pelo seu noivo. Requer algo mais, o ser admirada também por outros (amigos), ainda que, nisso, apenas limite-se a deixar-se ser admirada. Assim se comportando, por supor ser viável que, em sendo admirada por outros, será ainda mais querida pelo seu noivo, num misto de VAIDADE e de DESEJOS que, em vão, busca por todos meios, satisfazer. Repete-se, pois a mesma configuração que domina os intelectivos, que somente dão valor a algo, se aprovado ou cobiçado por outros. E, também evidencia a tola postura daqueles que para se verem bem valorizados, necessitam de serem bem “avaliados” por terceiros... “comei e bebei amigos, bebei fartamente, ó amados”


5:2) “Eu dormia mas o meu coração velava; e ouvi o meu amado, que batia: Abre, minha irmã, minha amada, pomba minha sem defeito! Tenho a cabeça orvalhada, meus cabelos gotejam sereno!”

5:2) Ao experimentar o “sucesso” desse propósito, após haver desejado ser atrativa também aos amigos, a noiva, em sonho (dormia, mas o meu coração velava), que expressa a voz do espírito, intuitivamente vivenciava, sendo então exortada à sadia reflexão. Nisso, sem definir a causa, surge à chance para enojar-se de si própria, conseguindo pressentir que está descumprindo o seu papel, pois, apesar de manter-se existencialmente “adormecida”, em sonho, é exortada (“mas o meu coração velava”). E, então, do seu íntimo assoma-lhe uma “saudade” do Amado de outrora (Deus, o “Primeiro amor”), porque sente que a “voz do meu amado, que está batendo”... Portanto, não é um bater à porta comumente conhecido, é algo mais “vivo”, porque quem bate é a Sua “voz” (palavra), a Verdade “Abre-me minha irmã, querida minha...” E, a Luz quer ver na mulher alguém que de fato haja se tornado adaptada aos seus dotes especiais; adequada e apta a desincumbir-se do seu papel de norteadora ao homem, porque na mulher quer ver alguém que simbolize uma “pomba minha, imaculada minha”.

Pois, o período de espera, da parte da Luz, esgota-se, porque a longanimidade do Senhor cessará com o Juízo Final, sendo esse texto de Cantares, portanto, uma advertência para o fato de a incumbência da feminilidade na Criação, haver sido relegada pela mulher. Espera da Luz, que está simbolizada na frase “porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite". Porém, pelo que vimos lendo, a mulher envolveu-se demais nos enleios intelectivos para poder, apenas num repente, livrar-se de vez, por completo, desse domínio dos desejos, a que se entregou. Por isso, apesar de “velar”, “entende” ser a Divindade que a busca, que a procura, e que por ela espera e anseia por muito “tempo”, pois assim “entende” ao ver estar o Amado com a (“cabeça orvalhada, meus cabelos gotejam sereno”). Ensoberbada, porque possui refinadas capacitações - que “entende” serem os seus dotes físicos - sente-se lisonjeada. Por isso, ao invés de reconhecer que por ser uma criatura, de Deus necessita, portanto, que se movimente, indo ao Seu encontro; e, não, que o Amado a quer e que a espera.


5:3) “Já despi a minha túnica, e vou vesti-Ia de novo? Já lavei meus pés, e vou sujá-Ios de novo ?”

5:3) ACOMODAÇÃO! O risco mais grave que um ser humano pode incorrer está na acomodação, pois essa retrata a negligência do espírito. Acomodados, são os que sempre deixam para “DEPOIS”, o momento de iniciar a busca do desenvolvimento espiritual. Por ignorância, há sempre algo a fazer ANTES de dar início ao magno desiderato existencial: a busca e alcance do seu desenvolvimento. O simbolismo da ACOMODAÇÃO, alude-se também aos que se intitulam “religiosos”, mas que limitam-se à pratica de ESFORÇOS no sentido de cumprir os alvos preconizados por sua igreja, crendo ser isso suficiente... “Religiosos de fim de semana”, beatos que, com “caras de domingo”, freqüentam os Templos de todas as colorações, empertigados em suas vaidades, supondo ser com base nessa assiduidade que o “céu” registrará os “nomes” dos que a Deus “agradam”.

No texto, vemos que o comportamento da mulher endossa o que estamos apontando, relacionado ao comportamento dessa classe de ESFORÇADOS “religiosos”, pois, ao contentar-se com as lisonjas que de seu noivo ouviu, envaidecida, novamente acomoda-se em inércia. Acomodados são também os que ignoram a RESPONSABILIDADE que cada ser humano espiritual assumiu ao nascer, havendo de empenhar-se em tornar-se partícipe desse Reino em que se encontra inserido. Mas, ante um lapso de reflexão profunda, lembra do “primeiro amor” (Deus), todavia, logo a seguir, recai no antigo domínio intelectivo, por isso, acomodando-se. Então, entedia-se, evidenciando faltar-lhe forças para buscar a Verdade; o Amor do Senhor. Daí, o simbolismo ser adequado, referindo-se ao comodismo, mediante o relutar da noiva ante o “sacrifício” de tornar a se vestir e lavar os seus pés. Portanto, estando a evitar a ação responsável, própria, porque disso nem cogita, por querer graças de graça, consoante ao que ouviu nas igrejas que “doutrinam” o pedir. E, como os pés simbolizam a conduta, temos que ao a mulher não querer reformulá-Ia, não se entusiasma em “lavar os pés”... e, despida da túnica, simboliza que está sem a proteção material que busca mediante o “pedir”, como fazem os “doutrinados” em igrejas.

Porque, segundo lhes foi “ensinado” nas igrejas, a Divindade está aí para trabalhar (SERVIR) aos homúnculos terrenos, e não o contrário... Todavia, na realidade, cabe aos seres humanos, como hóspedes da Sua Criação, que Dessa participem; somente a ignorância e a ausência da humildade, permite que assim pensem, e atuem.


5:4 ) “Meu amado põe a mão pela fenda da porta: as entranhas me estremecem, minha alma, ouvindo-o, se esvai”.

5:4 ) Assim sucede às que O abandonaram, pois a Lei atua ( põe a Sua mão na fenda) induzindo-as à reflexão aprofundada, em geral, levada a efeito sob repentinos tormentosos carmas que as tornam assim mesmo, “estremecidas”, fato que indica haver sua culpa nesses seus sofrimentos: “as entranhas me estremeceram”. E, sob tamanha pressão existencial, imposto pela severa e Justa atividade da Sua Lei (“as entranhas me estremeceram”), estarão sendo compelidas a reconhecerem-no (“ouvindo-o”), contudo, nisso, experimentarão o “esvair” das “forças”, porque essa “força” comprada em igrejas, que supunham possuir e dispor, não lhes servirá de amparo, é falsa.


5:5) “Ponho-me de pé para abrir ao meu amado: minhas mãos gotejam mirra, meus dedos são mirra escorrendo na maçaneta da fechadura”.

5:5) Após o vivenciado estremecimento, é intimamente exortada a reabilitar-se, por isso, age, “põe-se de pé”. Todavia, ainda assim, busca-o com as mãos impuras, pois, o perfume (“mirra”), que apresenta, simboliza o “valor” superficial (“sobre as mãos”, que retrata a ação), porque não apresenta o amor no “coração”. Portanto, ação que baseia-se num motivo, logo, em desejo, e esse, não decorre de um puro anseio. Por isso, trata-se da ação realizada sob ESFORÇOS que são promovidos com base naquilo que aprendeu nas igrejas que preconizam serem do agrado de Deus, os “sublimados” pedidos, que faz para cumprir os seus terrenos desejos. A Divindade somente entende e aceita a PUREZA comportamental, e, ao a Lei assim severamente atuar, temos simbolizado na ação das suas mãos que apenas perfumam a maçaneta, não a abrem, logo, retém-se na matéria, não abre a porta para a Luz poder adentrar.


5:6) “Abro ao meu amado, mas o meu amado se foi...Procuro-o e não me responde...”.

5:6) Do modo intelectivo, buscou Deus, por isso, não O encontrou. Consoante ao que vimos indicando, Deus “desaparece” daqueles que O busquem de maneira superficial, intelectiva. Ainda que consigam agradar os dirigentes da sua igreja, pois, perante Deus, tais “religiosos” também não podem ser reconhecidos, nem mesmo a “obra” que apresentam, posto calcada em interesse próprio (motivo), no mínimo, nos desejos de assegurar-se um “lugar nos céus”. Esses, de fato não O encontram, mesmo que abram as portas, pois, aqui o simbolismo é outro, por indicar que somente sobre as dores íntimas mais profundas, ANTE A DESESPERANÇA, tentarão tardiamente a adequação, todavia, em vão. Algo que vimos elucidando ocorrer com as almas que irão ser dissolvidas no além, aos poucos, havendo o espírito de aguardar, sob desesperança, o desfecho inexorável que o aguarda, a “morte indubitável” (perda da consciência).


5:7) “Encontraram-me os guardas que rondavam a cidade. Bateram-me, feriram-me, tomaram-me o manto as sentinelas das muralhas!”.

5:7) Aqui temos patenteada a atuação automática das Leis da Criação (guardas), que severamente RETROAGIRAM ante os desvios praticados por aquela que se omitiu de participar como representante da feminilidade na Terra. Todavia, como o cérebro não possui capacidade para compreender o transcendente - por reconhecer apenas a si próprio - somente interessa-se por alcançar os alvos inseridos no tempo e espaço, daí, ante a reprimenda, embora justa e necessária, revoltou-se.

Porque, as Suas Leis atuam (“os guardas bateram-me”) objetivando corrigir esse desvio, mediante efeitos carmicos, admoestando-a, mas, no sentido de auxiliar a que se readeque ao Caminho à Luz. Na expressão “tomaram-me o manto” temos a confirmação desse atuar severo e sempre justo que as Leis (“guardas”) impõem aos omissos em espírito, pois, os prejuízos materiais, registram aquilo que o ser humano mais profundamente sente, de modo a assumirem a condição do meio mais eficaz para exortá-Ios. Mas, o “manto”, como veste terrena, simboliza também uma falsa proteção, posto material, representa o que as igrejas lhes vendem, constatação que hão de proceder, em geral, tarde demais. Havíamos lido que os guardas (Lei) que antes contactara, apenas indicaram-lhe o “Caminho para o Amado”, agora, após haver ela perseverado no mesmo erro, a Sua Lei impôs efeitos admoestadores mais severos (simbolizado no “bateram-me”), visando readequá-Ia. Mas, havendo também a notar que não se trata mais de guardas das praças e ruas da cidade, e, sim, os dos muros, portanto, mais enfatiza que para readequar-se, a mulher há de passar, sob a ação da Lei, pelos “muros” que simbolizam o “entendimento” doutrinado.


5:8) “Conjuro-vos ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe direis ?... Que desfaleço de amor !”.

5:8) A mulher torna a sofrer admoestação cármica, sente-se “desfalecer” - que expressa o desligar-se da Força - então, volta-se aos céus - às filhas de Jerusalém - rogando por auxílio. Sensação nascida dos assomos intuitivos, a voz do espírito, que embora debilitado, em razão da omissão até então praticada, ainda dá mostras de vitalidade, posto saber estar “desfalecendo de amor”, portanto, reconhecendo que sofre por haver negligenciado. Contudo, ainda não se sente plenamente capacitada a, sozinha, impor o direcionamento existencial adequado, daí, a súplica do seu espírito, às “filhas de Jerusalém”. Mas, não basta que apenas conjure por auxílio, necessário muito mais, requer a sua ação:


5:9) “Que é teu amado mais do que os outros, ó mais bela das mulheres? Que é teu amado mais do que os outros para assim nos conjurares?”.

5:9) A voz da intuição, que a fez assim lembrar de buscar o seu Amado (“primeiro amor”), essa mesma, lhe exigindo mais do que apenas “rezas” e pedidos; requer por seu empenho, impondo que reconheça o Seu Amor atuando na Lei que representa a Sua Vontade. Porquanto, toda a mulher que assim se posicionar ante o existir, atuará sem tergiversações, temores ou dúvidas, estará confiante. Então, começa a pensar a respeito desse seu anseio, e declara: “Que é teu amado mais do que os outros, ó mais bela das mulheres? Que é teu amado mais do que os outros para assim nos conjurares?”. Nas indagações, vemos simbolizado os estertores das forças trevosas que, aglutinadas em centrais de forças negativas indagam; do mesmo modo que vimos antes a serpente proceder com a mulher, tentando-a, para que comesse o fruto: “é certo que não morrereis”. Também nos lembrando essas indagações que visam diminuir a Divindade (Amado), a outra frase da serpente “sereis como deuses”. Porque essa “fala” não é nem do noivo nem da mulher, muito menos do Amado, por haver na indagação a clara intenção de diminui-Lo.


5:10) “Meu amado é branco e rosado, saliente entre dez mil”.

5:10) Como se denota, inicia-se novamente a intromissão intelectiva, que aos poucos anula o incipiente florir da intuição que a mulher apresentava, pois, ao tentar descrever como é o seu amado, retoma a linha das referências, comparações. Insistimos nesse ponto, ao interpretar, levados pela segura certeza de que a Divindade, por ser única, não pode ser comparada ou identificada. Somente o Seu Amor, fruto da Sua Vontade, sim, pode ser pressentido (reconhecido), mas, sob atividade, e, não, sob observação. Portanto, toda a vez que alguém pretender proceder avaliações ou afirmações a respeito do Divinal, erra, por não ser do seu espírito que advém as suas palavras, mas, sim, do seu intelecto, que ao assim manIfestar-se, dá mostras de estar dominando o espírito. A mulher que haja buscado readequar-se, almejando por refinar-se, podendo muito bem compreender as dificuldades que passou ao sempre novamente desviar-se do caminho, quando tentou comprimir a busca sob moldes e parâmetros extraídos do conceituado ou do “doutrinado”. E, continua a descrevê-lo, mas, AINDA sob o prisma intelectivo :


5:11-16) “Sua cabeça é ouro puro, uma copa de palmeira seus cabelos, negros como o corvo. Seus Olhos... são pombas à beira de águas correntes: banham-se no leite e repousam na margem. Suas faces são canteiros de bálsamo, colinas de ervas perfumadas; seus lábios são lírios com mirra, que flui e se derrama. Seus braços são torneados em ouro incrustado com pedras de Társis. Seu ventre é um bloco de marfim cravejado com safiras. Suas pernas, colunas de mármore firmadas em base de ouro puro. Seu aspecto é o do Líbano altaneiro, como um cedro. Sua boca é muito doce... Ele todo é uma delícia! Assim é meu amigo, assim é meu amado, ó filhas de Jerusalém”.

5:11 a 16) Continuam as mesmas comparações e as referências ligadas aos prazeres (“Ele todo é uma delícia”), logo, identificando a mulher a pensar e agir ainda sob o domínio intelectivo.
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