segunda-feira, 17 de março de 2008

Introdução.

Mulher – a missão da feminilidade na Terra sob a interpretação do Livro Cantares (Cântico dos Cânticos). Primeira edição 1998. Arnaldo Amoroso Corrêa “Mulher”, “Homem”, “Ó Terra! Terra, terra...” e “O retorno de Um Desconhecido...”, pertencem à tetralogia dedicada pelo autor a uma nova hermenêutica bíblica, realizada com base na obra de Abdruschin (Alemanha 1875 – 1941).


Cantares, “Cântico dos Cânticos”, do hebraico, “Shir Haschirim”, algo como “o melhor de todos os cânticos”.

Dentre os textos bíblicos tidos como de difícil interpretação, encontra-se um Livro erroneamente atribuído a Salomão: Cantares. Para os cabalistas, trata-se de uma obra com alegorias que significam ou indicam a “salvação do mundo” na “ressurreição final”...

Mas, inúmeros outros (Herder, Budde, Chateillon, Delitzsch, Wetzstein, e outros), tentaram interpretá-Io ao longo dos séculos, por intuírem haver um grande significado nos seus simbolismos. Todavia, restringindo-se aos significados campesinos, e, no mais das vezes, ligados ao erotismo. Contudo, havendo também os que lhes atribuíram significado alegórico (como no Targúm e Midrásh), por tributarem-lhe excelsa pureza, traduzindo o amor de Deus “por sua predileta”, que entendem ser destinado a “Israel”.

Séculos após (ao redor de 1300), alguns rabinos vieram a identificar no Livro Cantares, outras alegorias, sendo a mais notável, a que o relaciona o intelecto humano e o espírito.

Alegorias sacras também foram encontradas por alguns rabinos ao longo dos séculos (Aquibad, Pápias e outros), que o identificaram como sendo o “mais santo dos livros santos” (os “ketubím”).

Com isso, sendo proibido recitarem-no em festejos não religiosos. Mas, a mais enfática dentre as alegorias tecidas em torno do Livro Cantares, predominou por ocasião da instalação do Estado de Israel, simbolizando o “esposo” e a “noiva” que iriam se reunir.

Para os católicos, a alegoria aceita é assemelhada, pois, vêem nos seus textos uma indicação da figura do Messias, e a “noiva” ou “esposa” assumindo o papel da Igreja. Com isso, o Livro Cantares, embora indecifrado, permaneceu no cânon judaico e católico.

Porém, essa dificuldade que encontraram, em relação a esse Livro, Cantares (Cântico dos Cânticos), decorre do fato de suporem que se trata de um relato sobre amores profanos, nisso, descurando que, NOS LIVROS SAGRADOS, HÃO DE SER BUSCADOS OS SEUS SIMBOLISMOS, E ESSES SEMPRE SE LIGAM AO ESPÍRITO, E, NÃO, À MATÉRIA.

Ademais, o texto de Cantares “apenas” reitera o que no Livro Gênesis foi indicado com relação ao papel da mulher, na condição de representante da feminilidade nesta Terra. Pois, do mesmo modo que a Luz cuidou de deixar expresso em número (666), uma indicação auxiliadora para toda a posteridade, também zelou para que na forma de um poema, fosse a Verdade preservada, servindo de auxílio, por esclarecer o especial valor da participação da mulher, quando adequada à Luz. (Quanto ao bíblico “número da besta”, o apocalíptico número 666, interpretamos noutro livro, “Ó Terra! Terra, Terra...”)

E, se para atinarmos com o verdadeiro autor do Livro Cantares, buscarmos comprovações nos “fragmentos do Mar Morto” - Qumrã ou os de Wãd-i al-Murabbaát, Nabal Ze'elim, Masada e Naque Hamadi - veremos que nada foi encontrado que pudesse mais elucidá-Io

E, no fato de haver aramaismos em sua linguagem, e também a inclusão de termos do idioma persa (3:9 “liteira”), e do grego (4: 13 “pomar”), deduz-se haver sido escrito APÓS Salomão; provavelmente, após o Exílio, por volta do século V ou VI a. C.

Mas, apenas por se tributar sabedoria excelente a Salomão é que os mais açodados supõem ser ele o autor desse cifrado e poético texto, daí, incluindo-o dentre os “Livros Sapienciais” da Bíblia.

Aliás, nossa opinião é a de que a inclusão de Salomão como personagem no texto do Livro Cantares, não se prende ao fato desse rei ser tido como sábio, mas, sim, por ser ele o mais enfático exemplo bíblico para ilustrar o tema que de modo poético, mas cifrado, o seu autor aborda, o DESEJO. Aliás, comprovando o falho caráter de Salomão, temos os próprios textos bíblicos, abaixo dois exemplos, um do Livro Eclesiastes (não o Eclesiástico), e o outro, de “Reis”:

“Como eras sábio em tua juventude, cheio de inteligência como um rio! Entregaste teu corpo a mulheres, deste-Ihes poder sobre teu corpo. Manchaste a tua glória, profanaste a tua raça...”

1 Reis 11:4 “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor seu Deus, como fora o de David, seu pai”..

Falha que o próprio Salomão assume, se lhe atribuírem o Livro:

Eclesiastes 2:10 “Tudo quanto desejaram os meus olhos não Ihes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas”.

E, quanto à incapacidade de Salomão livrar-se dos desejos, o próprio texto de Cantares a INDICA, nisso, evidenciando-se que Salomão não pode ser o seu autor; citado apenas como personagem por haver sido um expoente rei que, tentado, vergou-se aos desejos:

Eclesiastes 7:26 “Achei cousa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laço e cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro”.

Quanto a alguns tacharem de desrespeitosa a forma literária desse texto, por compreenderem que o Sagrado não possa ser apresentado sob romanceados versos, discordamos. Demais, a esses lembramos, por exemplo, do inspirado Poema “A Subida do Monte Carmelo”, de (São) João da Cruz (1.542/1.591), que versa sobre o seu amor devotado a Deus, porém, sob o simbolismo de um amor entre um casal.

Porque, embora referindo-se ao Caminhar do espírito rumo ao seu desenvolvimento, João da Cruz e o autor do Livro Cantares, sabiamente, louvaram o reconhecimento do Amor de Deus, poeticamente. Pois, segundo o que iremos demonstrar, os textos não se referem ao amor de Salomão a uma mulher, abarcam sentido muito mais profundo, referem-se a toda espécie feminilidade e, em especial, à mulher da Terra, que a representa. Portanto, os textos versam sobre a mulher, como representante da espécie feminilidade, e, não, como se supõe, a um romance. E, por constar também o masculino no texto, cumpre antecipar que, por vezes, esse simboliza a Divindade, a Quem a mulher reconhece e ama, e, em outras oportunidades, retrata o amor da personagem feminina por “seu noivo”.

Cantares, é o menos compreendido dentre todos os textos bíblicos, por isso, sendo objeto de desencontradas opiniões, sendo que no século 1, esteve sob o risco de não constar do Cânon judaico que culminou por admiti-lo apenas com base na tradição, aliás, do mesmo modo que a igreja católica procedeu, ao também admiti-Io.

E, embora saibamos da existência das interpretações de rabis e eruditos judeus que “acham” haver uma alusão ao amor de Deus por Israel nos seus versos, discordamos, cremos serem forçadas, e mais, fora da lógica, por não apresentarem concatenação na “explicação”, de maneira a compatibilizá-la com o restante do Livro.

Ante tantas dúvidas e incompreensões, muitos indagam: Como extrair proveito desses versos?

Respondemos: Há muito que desvelar desses textos. Reiterando o acima indicado, enfatizaremos dois pontos básicos, o primeiro, relaciona-se à presença e propósito da espécie feminilidade na Terra, representada pela mulher. Segundo, alertar para o risco de as mulheres vergarem-se às tentações, ao aderirem aos DESEJOS. Portanto, a reiteração do alerta que havíamos lido no Primeiro dos Livros bíblicos, o Gênesis:

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu DESEJO será contra ti, mas a ti cumpre DOMINA-LO".

Deduzindo-se que ante o perdurar desse vezo humano de vergar-se aos desejos, a Providência Divina inspirou a um outro autor, além de Moisés, tendo em vista que, por meio desse outro Livro e insólita forma literária, pudesse servir de auxílio à humanidade. Auxílio que dedicou, nesse caso, à mulher, instando-a a que não descurasse de manter-se vigilante, para não cair em tentação e vir a cumprir sua magna missão: nortear os homens à Luz.

Mas, vamos à leitura e as nossas correspondentes interpretações:
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