sábado, 15 de março de 2008

Capítulo 2.

2:1) “Eu sou a rosa de Saron, o lírio dos vales”.

2:1) Simboliza a vontade de ser notada em sua adequação, ressaltando a beleza desse seu agir participativo, simbolizado pela rosa de Saron (recebendo e oferecendo a beleza/ dar e receber). Demais, com base na pureza (simbolizada no “lírio”), busca por adequar-se à Sua Vontade, então, sendo também reconhecida pelo Amor, do qual estará intuitivamente ligada, do Amor participando. Todavia, há a ressaltar um outro aspecto, o intelectivo, pois aquela que participa intuitivamente no Seu Amor, não se dá conta disso, portanto, ao assim exclamar “eu sou a rosa de Saron”, evidencia ser uma autodenominação, portanto, trata-se de um assomo já torcido, resultando em vaidade, desejo. E, também ao se sentir como um lírio dos “vales”, portanto, não um lírio do campo - temos endosso, porque evidencia que a sua PUREZA mantém-se ainda escondida, “NO VALE”, não aflorou. Portanto, refere-se à condição latente da mulher, mas ainda não aflorada, adequada à Luz na ação, portanto, ainda não suficientemente desenvolvida.


2:2) “Qual o lírio entre os espinhos, tal a minha querida entre as donzelas”.

2:2) A resposta do Senhor endossa a interpretação, porque se encontra a mulher ainda entre espinhos, pois, vivencia (“luta”) por sobressair-se (a sua Pureza está ainda ameaçada pela vaidade e por desejar “espinhos”). Dessarte, o elevar-se do “vale” para os “campos” (Terra, onde servirá de exemplo dignificado ao homem), permanece sendo pela Luz ainda aguardado. Aguardado, porque o seu anseio é notado pela Justa Lei, equivalendo a assegurar que se e quando a sua Pureza se destacar como um lírio, sobrepor-se-á aos seus desejos, ressurgindo da matéria, logo, alteando-se também dentre as mulheres, tornando-se na Sua querida “entre as donzelas”, simbolizando a expectativa de que a “convocada” se torne em “escolhida” pela Luz (ante a Lei).


2:3) “Qual a madeira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os jovens; desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar”.

2:3) Evidencia que o seu desvio persevera vigente, pois o prop¬sito da feminilidade terrena, remanesceu aí esquecido, porquanto compara o Senhor, situando-o na condição de “sombra”, portanto, uma fonte de propiciações a ser gozada na própria Terra, simbolizando desejar por amenidades (sombras) sob graças e benesses. Pois identificou-O (“tal é o meu amado”) equivalente a uma “macieira entre as árvores do bosques”; nisso, denotando um mui comum erro, o de terrenalizar o Amor da Divindade, desejando propiciações tangíveis, um viver na Terra sob usufruições, sob “graças”. As doutrinas contribuíram para que esse erro fosse pela mulher cometido, ao venderem uma idéia a respeito da Divindade que A torna entendida como um serviçal prestativo, do Qual os “fiéis” esperam por constantes benesses (“DESEJO a Sua sombra”). Aliás, o generalizado vezo de pedir, pedir e pedir, professado pelos “fiéis” decorre dessa bisonha idéia que fazem da Divindade e das Suas Justas Leis... DESEJO de permanecerem assentados à Sua “sombra”, em permanente gozo, simbolizado pelo (“para o MEU paladar”) são “seus doces frutos”. Ao assim confundirem-se, a mulher acentuou o erro, buscando no referencial, identificar Àquele que é incomparável, posto único: “tal é o meu amado entre os jovens”.


2:4) “Leva-me à sala do banquete, o seu estandarte sobre mim é o seu amor”.

2:4) Da aceitação da idéia de que a Divindade ampara e beneficia aos que pedem, simboliza a falseada expectativa de ser levada à “sala do BANQUETE”, sem que no entanto, se empenhe por merecer tal encaminhamento, porque a Luz não desce à sua procura, aguarda ser pela mulher encontrada. Pois, mesmo ao Jesus falar sobre a mesa posta, ou o “batei e abrir-se-vos-á”, ou o “procurai e encontrareis”, sempre interpôs uma prévia condição: a de que o ser humano atuasse (os verbos “batei” e “procurai” assim indicam). Portanto, para merecer o “banquete”, haveria a mulher de se empenhar, não cabendo o acalentar de uma apadrinhada condução; “leva-me”. Se os “fiéis”, ao invés de desejarem, passassem a enxergar nos efeitos retroativos que estampam-se no seu cotidiano (“o seu estandarte sobre mim”), notariam a SEVERIDADE do Seu Amor, pois mesmo sendo “religiosos”, devem considerar que, com vistas a exortá-Ios à readequação, “O Senhor pune e castiga aos que ama”. Destarte, deixariam de expectar por uma falaciosa “salvação” que “um dia”, todos, embora tardiamente, saberão que não se cumprirá.


2:5) “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor”.

2:5) Sob a influência das falsas doutrinas, é mesmo assim que o “fiel” pensa e age, por esperar da Divindade benefícios (“Sustentai-me com passas e confortai-me com maçãs”), sem fazer por merecê-Ios. Adoção que torna esse ser humano, ante o olhar de Deus (Sua Vontade), como uma ignorante e petulante criatura, exigente. Ressalta ainda que a mulher confundiu-se, porque supõe estar o Seu “amor”, preocupado em confortar e amparar o seu corpo carnal. Algo que sob o conceito família tornou-se num “dever”, aliás, amparado nas leis terrenas, dever que obriga maridos a sustentar mulheres válidas, ao divorciarem-se, ou a filhos indolentes.


2:6) “A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a direita me abrace”.

2:6) Errando, a mulher ainda acalenta a ilusória hipótese de ser “sustentada” materialmente (“amor” terrenal) dos males que, intuindo, “sabe” que cedo ou tarde terá de arrostar, por força da infalível atividade Justa das Suas Leis Perfeitas.


2:7) “Conjuro-vos! ó filbas de Jerusalém, pelas gazelas do campo, que não acordeis nem desperteis o amor, até que este o queira”.

2:7) Essa passagem nos lembra o inspirado poema de (São) João da Cruz, “A Subida do Monte Carmelo”; ao qual já nos aludimos: (“Para chegares ao que não sabes, hás de ir por onde não sabes”). Porque, nesses versos do Livro Cantares há um análogo propósito, o de alertar que o Caminho ao desenvolvimento espiritual, que retrata a ÚNICA RAZÃO para os seres humanos se encontrarem na Terra, é trilhado mediante a atividade pautada na PUREZA. A Naturalidade de “ser”, porquanto, ESFORÇOS em colimá-Io, são sempre enganosos, daí, nefastos, porque divergem do Caminho à Luz, embora seus adeptos não se dêem conta do desvio que assim praticam. O que vimos indicando para situar o ainda incompreendido “livre arbítrio”, agora, com as palavras desse verso, e a explicação que oferecemos, permitirá compreender que a PUREZA a que nos aludimos, refere-se à manifestação advinda sob a voz do espírito, sem estar estribada em nenhum MOTIVO, daí, pura (fiel à intuição). Assim sendo, todo aquele que ESFORÇAR-SE desejando vir a assim DESPERTAR O AMOR, estará se enganando, por distanciar-se da imprescindível NATURALIDADE, simbolizado nas “gazelas do campo”.

Se nos remetermos aos versos antes interpretados, veremos que esse, o ora enfocado, alteia-se como um necessário libelo alertador, porque a mulher, até agora, veio confundindo-se, pois a despeito do seu anseio determinar o rumo certo, optou por cumprir aquilo que o intelecto deseja, ou evita, que também é desejar. Nisso, a voz do espírito tornou-se abafada pelo dominante intelecto. Entretanto, aqueles que se esforçam para amar, apenas supõem que “amam”, pois basta haver um MOTIVO para amar, para não amarem, por ser o amor doador; eis aí a causa dos casamentos haverem sido transformados em meros contratos, onde as partes calculam os “motivos” que têm para que venham a “amar” o cônjuge. Quanto ao “amor a Deus”, ocorreu o mesmo, pois, segundo vimos avaliando, a mulher teceu comparações, desejosa, logo, sob motivos.


2:8) “Ouço a voz do meu amado; ei-lo aí galgando os montes, pulando sobre os outeiros”.

2:8) Embora seja patente que a mulher divergiu do seu propósito maior, ainda mantém-se dotada das condições para exercer a intuição, daí pressenti-Io – “Ouve-o” - na realidade, “ouve” a sua voz interior, que faz pronunciar o anseio à Luz, mediante assomos intuitivos. Dessarte, mesmo sem vê-Io e sem contatá-Io, pressente a Sua presença. Simbolicamente, na frase “ei-Io galgando montes, pulando sobre os outeiros” porque, apesar Dele ser inatingível, reconhece-o pela atividade das Leis que, afinal, atuam no visível.


2:9 ) “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho da gazela; eis que está por detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades”.

2:9) Simbolismo que mais uma vez aponta para o intuitivo reconhecimento da Sua Onisciência e Onipresença, que penetra desde o íntimo pensar, antes mesmo desse se tornar em manifestações efetivas, na matéria. Portanto, sendo mesmo como se Ele estivesse em toda a parte, por atuar sob Justas e automáticas Leis, (“detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando grades” ).


2:10) “O meu amado fala e me diz: Levanta-te querida minha, formosa minha, e vem”.

2:10) O latente anseio à Luz que a mulher, na condição de representante da espécie feminilidade na Terra, porta desde a sua origem, possibilita esse pressentimento de que é preciosa ante Deus (“querida minha”), anseio que se mostra exortativo: “Levanta-te”. Porque há mesmo o constante exortar à Luz para que a mulher assuma a sua responsabilidade como criatura, daí, “LEVANTA-TE”. Não havendo todavia, nenhum especial apadrinhamento do tipo do que encontram nas doutrinas que prometem o perdão e a salvação incondicionalmente; há de empenhar-se, e, a frase “e vem”, complementa o endosso para essa sua incontornável responsabilidade.


2:11) “Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi”.

2:11) “Passou o inverno e cessou a chuva”, também não são palavras para serem tidas como registrando apadrinhamentos, porque simboliza que para aquelas que reconhecem a presença do Amor (atuando na Lei), o adverso não lhes será adversário, mas útil. Porque o “passou”, significa haver reconhecido que as suas vicissitudes foram úteis para que pudesse lograr sabedoria; única via para o desenvolvimento da sua condição participativa no Todo. Pois, adestram-na, exercitam-na, no sentido de viabilizar que reconheça haver, mesmo nas agruras, a Mão da Providência, porque, aquela que defronta cármicos efeitos, se cônscia, não os recebe sob revolta, mas, como exortações que viabilizam o aprimoramento.


2:12) “Aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aveS, e a voz da rola ouve-se em nossa terra”.

2:12) Essa frase indica que a mulher se encontra capacitada, devido à sua maior sensibilidade, a poder depreender, na natureza, a presença da Sua Vontade; a natureza é a “fala do Senhor”. O simbolismo está no fato dela atinar que tudo na Criação tem o seu tempo certo para “florescer” (“aparecem as flores”). E, a expressão “chegou o tempo de cantarem as aves”, endossa o interpretado, pois, a natureza registra um severo eterno dar e receber, imposto por Sua Lei. O ligar-se à natureza, algo mais fácil à mulher, devido à sua origem mais refinada, possibilita a valorização da pureza, endossado pelo simbolizado da “voz da rola que ouve-se em nossa terra”... Porque essa “voz da rola que ouve-se em nossa terra”, simboliza as manifestações lastreadas no puro ANSEIO, portanto, algo análogo ao simbolismo da SAUDADE da “casa paterna”, aquela que o filho pródigo sentiu. Portanto, trata-se de uma manifestação adequada, posto efetivar-se sob um seu sentimento intuitivo, que tem saudade da Pátria, registrando o anseio.


2:13) “A figueira começou a dar os seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te querida minha, formosa minha, e vem”.

2:13) Assim, sob a ação da intuição, a mulher atenta para os efeitos naturais da renovação, na constante transformação da natureza terrena, que registra o dar e receber. E, como se trata da figueira, lembra que há de reparar, nesses simbólicos efeitos, a evidência da proximidade da época do Juízo, conforme Ensinou Jesus. Portanto, nesse reconhecimento, sente-se mais exortada a lograr cumprir o seu papel, SERVIR, através de uma digna conduta. Porque ao integrar-se ao Todo, por haver atinado com a atividade da Sua Vontade na natureza, tudo quanto avaliava “importante”, apequena-se, permitindo o aflorar da sua vontade de participar. Um chamado haverá então, simbolizado no (“e vem”), pois os “sinais da figueira”, aí estão evidentes em toda a Terra, como havia profetizado Jesus. Contudo, como se fosse um amável chamado (“o meu jugo é suave”) da Luz às mulheres adequadas (“formosa minha”); um chamado audível às possuidoras de “ouvidos que ouvem”.


2:14) “Pomba minha, que andas pelas fendas dos penhascos, nos esconderijos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu rosto amável”.

2:14) O significado da pomba, reflete o cuidado da Luz em fazer com que a mulher persevere na busca da sua adequação, mantendo-se na PUREZA, pois, aquela que diverge, incorre no engano de tentar esconder-se nos abismos dos desejos (“rochas escarpadas”). E, o andar “pelas fendas dos penhascos” simboliza propender para vergar-se às tentações, desejos, distanciando-se da Luz, e do AMOR. Mas, ainda que divergindo do Caminho, a mulher permanece latentemente dotada de qualificações especiais, por isso, ainda consegue pressenti-Io, mas Esse exige que revele-se em sua feminilidade “mostra-me o teu amável rosto”. Portanto, sendo “exortada” pelo Seu Amor, que almeja ver seu “rosto amável” (pois, sob a natural graça da expressão facial, a mulher revela-se adequada à Luz). Porque o Senhor sabe estar ela dotada de condições naturais (pureza) que podem elevá-Ia à digna postura (“porque a tua voz é doce”). Todavia, a mulher, não emite a voz doce, a do espírito, então, cismando e sob desejos, alija-se da Luz, permanecendo entre “rochas e penhascos”, simbolismo para a sua entrega à matéria, onde se aprofundou.


2:15) “Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”.

2:15) Sob o anseio, ela ainda reconhece que a Vontade Suprema espera que abandone os pensamentos negativos, as dúvidas, a falta de CONFIANÇA na Sua Justiça, simbolizados pelas raposas e as raposinhas, que atrapalham a possibilidade da “colheita dos frutos”. E, de fato, os pensamentos de desconfiança, REVELAM O DEVASTAMENTO DO FLORESCER DA FÉ (“vinhedos”), pondo em risco o crescimento espiritual. A frase retrata uma realidade, pois algumas mulheres embora anseiem pela Verdade, desvirtuam-na. Equivalendo a ter uma boa floração, porém desperdiçada. Porque, sob anseio, sentem o impelimento à Luz, porém, ao empregarem esforços para alcançá-Ia (em trabalhos para a igreja etc), supõem-se “melhores”. Ora, essas mulheres, já receberam a sua paga, embora terrena, no “aplauso” grupal que tanto esforçaram-se por receber. Suas florações não chegam, pois, a apresentar os correspondentes frutos (valor espiritual), pois, esses, somente no exercício PLENO do amor ao próximo revelar-se-iam presentes, mas, nesses seus esforços, evidencia-se a base no amor próprio, pois, invariavelmente, surgem calcados num MOTIVO, o de que sejam vistas como “melhores”. Mas, onde há um MOTIVO, há desejo; carecem, pois da naturalidade do “ser”, base para a aprovação do Senhor (da Lei).


2:16) “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre lírios”.

2:16 ) Simboliza mais uma vez que a mulher se encontra dotada das condições para pressentir a sua ligação com a Luz, mas, desvirtua-a, porque acalenta a fantasia ou o desejo de que Essa venha a agracia-la (“apascenta o rebanho entre lírios”). Demais, com amenidades, portanto, sob ócio, e, não, sob o participativo e requerido movimentar-se, adequando-se ao ritmo da Sua Criação.


2:17) “Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas sobre os montes escabrosos”.

2:17) Mas, algumas das que divergem do Caminho, ainda retêm capacidade para intuir, nisso, pressentem que serão admoestadas pela ação Justa e automática da Sua Lei. E, com base nesse íntimo temor pressentido (“antes que fujam as sombras”), almeja ainda encontrar o Seu Amor. Porém, esse seu incipiente resquício de intuição, não se revela suficiente, por isso, pretende que O Senhor é Quem a busque, que a “encontre”; “volta amado meu, faze-te semelhante ao gamo”. Outrossim, avalia que a intervenção da Luz venha a agraciá-Ia de maneira graciosa (expectativa de graças...de graça) (“sobre os montes escabrosos”), evidenciando a expectativa de ajuda salvadora. E, “Faze-te semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas”, indica algo que não pode se tornar realidade, porque existe apenas nas aliciações lastreadas nas tagarelices de “doutrinadores”. Porque as arbitrariedades não podem ser cumpridas por Aquele que instituiu Leis Naturais perfeitas, e que, por isso, “descansou”.

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