domingo, 16 de março de 2008

Capítulo 1.

1:1) “Beija-me com os beijos de tua boca;"

1:1) O “beijo”, aqui, simboliza o sopro Divino, causa da vida humana; consoante ao “sopro”, (Espírito Santo) que ama o ser humano, conforme o que se lê no Livro Gênesis (“anima”). Então, assim baseados, interpretaremos a esse primeiro verso: Intuitivamente, a mulher reconhece que o Seu puro “hálito” é a causa da Vida (“sopro Divino”). Por isso, assim se manifesta, com base no anseio que a faz almejar que lhe seja permitido manter-se absorvendo o sopro (“beijo”) da Vida, que reconheceu estar a si sendo emanada, portanto, é uma expressão da sua vontade em permanecer em Seu Reino, porém, apenas desejando Desse usufruir. Destarte, essa sua declaração de almejo, representa a “voz” interior da espécie feminilidade, despertando-a para a realidade do existir, para que esteja cônscia da sua condição de direcionadora existencial, a fim de promover o seu auxílio a toda humanidade. Mas, por ser esse, ainda um seu incipiente reconhecimento, ademais, interior, veio a pedir, e, desejar (“beija-me”); manifestando em palavras um enfocar intelectivo, embora sendo tal manifestação basilarmente correta, posto nascida do seu puro anseio.


1:2) “porque melhor é o teu amor do que o vinho”.

1:2) Texto que indica que a mulher, ainda que apenas intuitivamente, capacita-se a reconhecer o Seu Amor, nisso, sentindo íntima alegria, indescritível, posto apenas intuitiva. Porquanto nessa rejubilar-se muito mais intensamente do que se fosse estimulada a alegrar-se por gozar os mundanismos (desejos); simbolizado pela ação do vinho que, inebriando, possibilita apenas uma fuga fantasiosa, sob efêmera alegria, fugaz, por ser distante da Luz. O vinho, no sentido material, assume aqui a condição de simbolizar os DESEJOS, porque o sentimento íntimo que a mulher experienciou foi assumido sob uma impressão ditatorial extraída apenas de um intelectivo deduzir, que sugere o cumprimento dos desejos de usufruição que conhece, daí, vinho. Comportamento comumente professado pelas que não reconheceram o Seu Amor de maneira plena, apesar de intui-Io, daí, buscarem no próprio viver a razão da vida, enganadas, por direcionarem o sentimento íntimo às coisas.

Embora no texto esteja retratada a sua intuitiva descoberta do Seu Amor: “Melhor é o Teu Amor!” Esse seu reconhecimento foi operado ao contrário, pois, ao invés de mediante a sabedoria, fundamenta-se em deduções lastreadas no que conhece na matéria. Simboliza ainda, que por haver se lembrado que o alegrar-se sob os inebriadores vivenciamentos mundanos se revelaram frustrantes, nada significam ante o íntimo sentimento que a assomou, advindo do espírito. O efeito do vinho, nada significou, revelou-se efêmero, resultando em pressentir que se viesse a participar do Seu Amor, experimentaria algo real, pleno e perene.

Outrossim, o enaltecimento ao vinho, colocando-o na condição de uma ideal usufruição na Terra, encontramos também em outros antigos textos, por exemplo, nos versos do poeta, e geômetra, Omar Kahyyan: “Não entendo os vendedores de vinho, afinal que podem comprar eles melhor do que o que vendem?”. Todavia, ressaltamos que essa asseveração de Kahyyan, ao contrário do que comentam os seus leitores, não aponta para uma sobreposição do vinho, e, sim, indica a sua constatação de que nem mesmo o dinheiro pode comprar o que de mais significativo existe. Portanto, outra literatura poética que nos revela verdades, no caso, semelhada à constatação manifestada pela mulher. Portanto, não se trata de recomprar o próprio vinho, mas, do íntimo reconhecimento de que o Amor sim, causa a plena felicidade, a que o inebriar de vinho, não alcança.


1:3) “Suave é o aroma dos teus ungüentos, como ungüento derramado é o teu nome, por isso as donzelas te amam”.

1:3) Equivalendo a mulher terrena dizer que reconheceu a Força do Teu Amor a perpassar de maneira tão intensa que, ao senti-Ia, tem a sensação de havê-Io, por isso, atingido. Experienciando a algo que supõe ser aquilo que as “donzelas” também pressentem (“donzelas”, simbolizando as puras, logo, as que reconheceram o Seu Amor). O leitor pode perceber que nesse estágio a mulher está se comportando como havia a serpente prevenido ao dizer à Eva: “sentir-se-ão como deuses”. Pois, ao não possuir ainda o grau de desenvolvimento requerido, ao apenas pressentir o Seu Amor, chega a senti-Io tão vivaz, em seu íntimo, que tenta traduzi-Io sob referências que extrai do que já conhece, nisso, errando. Evidenciando que ainda não se encontra capacitada a direcionar-se tendo como base esse seu puro pressentimento imaterial, porque coloca-o logo no mesmo nível das coisas, por isso, desejando usufrui-Io nos moldes do antigo, que já conhece, e, não, no NOVO. Nesse caso, as fantasias assumem lugar da plena realidade, mas, não está isso de todo errado, porque trata-se do Caminho à Luz que haveria de percorrer, mediante essas vivências na matéria.

Como ungüento derramado é o Teu NOME”. “Ungüento derramado”, é assim que essa que representa a mulher terrena em desenvolvimento, passa a pressentir o seu Amor, após se dar conta que intuitivamente O reconheceu. Porque ao reconhecer não ser comparável ao vinho, simbolismo de algo prazeroso, porém, ainda tangível, supõe ser Deus “algo” mais etéreo, dai, tenta relacioná-Io ao que já conhece de “melhor”, nisso, comparando-o ao bálsamo. Porque por experiência no dia-a-dia, sabe ser essa sensação íntima que à liga à Sua Força, um “bálsamo” para o seu viver. Igualmente, um ungüento que se derrama a todos, porque atinou que a Sua Lei se conota do Amor, sensação que a extasiou, apenas por pressenti-Io. Porém, ainda que O haja assim pressentido, mantém-se na condição de recebedora, de ser na Terra um alvo de usufruições das Suas graças, pois, o Seu Nome, que expressa a Sua Vontade, haverá, segundo a sua tacanha concepção, de derramar-se sobre si... como um balsâmico ungüento. Comportamento adotado pelos que se deixam influenciar pelo “doutrinado”, esse que prega o pedir como sendo o modo de adoração e participação da criatura na Obra do Criador.

Embora seja verdadeiro que o Nome do Senhor, configurando a Sua VONTADE, perpasse a Criação sob a forma de Leis Naturais com vistas a atender os legítimos anseios do espiritual, portanto, que como está intuindo, também apóia as mulheres que se conservarem puras (simbolizado por “donzelas”). Pois, donzelas, refere-se àquelas que, reconhecidas, manifestam-se de modo a corresponder a esse Seu Amor, atuando, pois, de acordo com a Sua Vontade, Sua Lei. Quanto ao NOME de Deus, há tantas referências bíblicas que endossam simbolizar a manifestação da Sua Vontade, que seria impraticável nomeá-Ias. Todavia, como tudo quanto existente na Criação apresenta-se sob uma peculiar forma, mesmo a Sua Irradiação, também possui cor, forma e SOM, embora invisíveis aos olhos carnais. Dessarte, podemos depreender que O Seu Santo Nome, também apresenta a Cor, a Forma e o Som que as Suas Leis Cósmicas determinam, porque, as Leis, ao ativarem-se, representam a Sua Vontade. Por isso, toda a Criação é a expressão, consubstanciada, do Seu Nome, posto Nele ser expandida e mantida. Destarte, na Criação, sob Seu Nome, temos espelhada a manifestação da Sua Vontade. Por isso, adaptar-se ao Seu Nome, equivale a cumprir a Sua Vontade, logo, resultando mesmo no alcance das benesses que dessa adequação resultam; simbolizado pelo invisível “aroma” causado pelo “derramar de um balsâmico ungüento” (“Como ungüento derramado é o Seu Nome”).


1:4) “Leva-me após ti”.

1) Significa que intuitivamente a mulher pode pressentir que se quando reconhecer a presença do Seu Amor, caminhará rumo ao Excelso, como se O próprio Senhor a estivesse conduzindo às alturas celestiais (“leva-me”). Porém, simbolicamente, o poema revela que a mulher mantinha apenas o desejo de ser conduzida, acarinhada ou apadrinhada por esse Amor, portanto, ainda não concebendo que o existir na Criação requer a participação ativa dos seres que Nela existem, por sua graça e mercê (adaptar-se ao Seu Nome). Daí supõe ser algo que requer ser solicitado, “pedido” (leva-me), quando a realidade é diferente do que se doutrina, pois requer responsabilidade, ou seja, a cônscia e jubilosa co-participação.


1:4) “apressemo-nos”.

2) Ao ser assim, por Seu Amor tocada, nada mais poderia mesmo lhe interessar nem deter (“apressemo-nos”). E, o plural, identifica sentir-se protegida por Sua Providência, que A acompanha em sua caminhada à Luz, outorgando-lhe Vida (“sopro”) e, apoiando-a. Portanto, os textos de Cantares retratam realidades, pois, de fato as mulheres capacitam-se a pressentir a Verdade, mediante a utilização de sua refinada intuição, contudo, ao vergarem-se ao domínio intelectivo, validam os versículos do Gênesis, notadamente, os que indicam as tentações da serpente. E, nisso, pode o leitor avaliar a culpa das religiões que indicam os pedidos como a via para conquistas de benesses materiais, algo que agora, sob o acentuar da ignorância, acentua igualmente o erro, pois, petulantemente, ousam “determinar” a Jesus que cumpra os seus desejos... Dessarte, temos que tais doutrinadores “cristãos” afrontam a Cristo, porque Jesus pregou a humildade! “Apressemo-nos”, portanto, muito bem revela a comum expectativa dos atuais “fiéis” que, pedindo, ou exigindo, esperam poder alcançar favorecimentos imediatos (“graças”) da Divindade, impondo-lhe uma condição semelhada a de um escravo obediente, às ordens.


1:4) “O rei introduziu-me nas suas recamaras”.

3) Como se denota, trata-se de um outro aspecto real, por estar mesmo ligado à Verdade, mas, também de um outro, esse, de uma perspectiva desviada da Luz, intelectiva, que a faz supor-se adequada apenas por fundamentar-se na “doutrina” que prega o pedir. Pois, o texto indica haver sido a sua expectativa que o “rei” a introduza em suas recamaras, portanto, não tendo noção da exigência do seu empenho participativo, responsável, sob humildade. Outrossim, a “recamara”, indica um mais interior ponto, indicando a sua expectativa (desejo) ligar-se a um celestial aconchego. Embora a mulher adequada sinta-se amparada pela Força do Amor (“O rei introduziu-me”), o texto indica a sensação de “segurança” que o “doutrinado” oferece ao tentar contemplar o anseio, porém, estimulando os “fiéis” aos desejos, que são intelectivos. Essa torção do puro anseio, tornando-o em desejos “sublimados”, que o “doutrinado” prega, assemelha-se ao engano que cometem ao “entender” que pedidos que fossem formulados EM SEU NOME, sejam pedidos feitos aos berros, ou sob exigências. Porquanto as palavras EM SEU NOME, indicam ser requerido que pautem o existir sob a Vontade do Pai, as Leis que configuram Sua Vontade na Criação.


1:4) “Em Ti nos regozijaremos; do Teu Amor nos lembraremos mais do que o vinho; não é sem razão que te amam”.

4) O texto continua a indicar realidades. Porém, de acesso possibilitado apenas às mulheres que cumprirem a expectativa da Luz, destinada a toda espécie feminilidade na Criação, expectativa de que se tornem norteadoras. Portanto, sendo relativo àquelas mulheres que se ativam sob seu puro anseio, pois essas estarão mesmo possibilitadas a reconhecer o “Seu Amor”, então, naturalmente, passarão mesmo a atuar alegremente, pois, ao doarem-se, recebem, "Em Ti nos regozijaremos”. Mas, na continuidade do texto, sob a comparação ao vinho, evidencia-se que se trata ainda de uma sensação intelectiva a respeito do Amor, porque tal “amor” complementa fugazmente, como se fosse mesmo o inebriar do vinho que, por entorpecer, “alegra”, porém, sem suscitar o real Amor. Tal constatação alicerça a mesma impressão que a mulher manifestara a respeito das donzelas; ao às reconhecer idealmente puras (“Não é sem razão que te amam”).

Podemos com segurança assim afirmar, porque interpretamos o fato de haver no texto a referência a uma sua “lembrança” (“do teu amor nos lembraremos”). Ora, sendo uma lembrança, óbvio ligar-se ao “tempo”, daí, intelectiva, não do espírito nascida, pois, esse, somente conhece e vivencia o presente do tempo. O espírito, naturalmente, é, deixando de “ser”, ao submeter-se ao intelecto. Outrossim, nos textos bíblicos temos indicação para essa sensação de “lembrança” surgir do espírito, algo desvinculado do “tempo” (antigo) mas, ligado ao anseio (NOVO); essa indicação, vimo-Ia na Parábola do “Filho Pródigo”, sob a palavra SAUDADE. Porque a SAUDADE sim, vem do espírito, daí ser o NOVO, enquanto a lembrança fundamenta-se em algo experienciado, antigo. Portanto, ao “lembrar-se” do Amor, não estava mais se referindo a Esse; mas, sim, a desejos, prazeres, posses, usufruições... etc. por isso, mesmo a saudade, que se liga ao espírito, pelos intelectivos, torna-se em desejos relacionados a pessoas, coisas ou a um ou outro lugar que no seu passado, haja tido maior significado.


1:5) “Eu estou morena, porém formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão”.

1:5) Estou morena, PORÉM formosa... equivale a dizer que a despeito de saber-se marcada pelos acontecimentos, pois o texto não indica que nasceu morena, mas, sim, que se tornou, “estou morena” . Nisso indicando haver reconhecido, sob as suas acres vivências (tornada em morena), a ativa presença da Sua Justa Lei. Portanto, reconhecendo a presença do Seu Amor, mesmo nas admoestações cármicas, por haver depreendido que nas graves vivências que marcaram seu viver (“castigada pelo Sol”), havia a presença da Sua Luz que, mediante a Lei, a deixou assim marcada, animicamente “sinalizada”; “estou morena”, E, ao arrematar, “porém formosa”, mais endossa a interpretação, porque simboliza a certeza de que tais vivências serviram para que reconhecesse o Seu Amor, logo, as cicatrizes d'alma que, ao invés de enfeiá-Ia, a aformosearam. Significando o pronunciamento daquela que está em busca de atingir a sua purificação, para lograr identificar-se com as “filhas de Jerusalém”, as “donzelas”, que intuitivamente admirou. Mas, como o seu desenvolvimento não estava ainda complementado, verga-se aos atrativos da matéria, simbolizado pelo enfatizar da beleza das cortinas de Salomão. Pois, ao assim se aludir às “cortinas” de Salomão, depreende-se haver ênfase ao aspecto da beleza material, porque essa encobre (cortina) a beleza real, a íntima.


1:6) “Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence não a guardei”.

1:6) Nesse versículo vemos que a causa para estar morena, foi pela mulher atinada, embora fosse para si doridamente surpreendente. Porquanto refere-se às graves vivências que decorrem do fato de os seus próximos evidenciarem incompreender o seu propósito à Luz. Porque, a incompreensão da família quanto ao seu novo enfoque existencial não mais poderá ser contornada sob os favores materiais que antes concordava em lhes oferecer, por supor que fosse esse um seu DEVER; mas, falseado, alicerça-se em conceitos. Tais “deveres” em relação aos “próximos”, adquirem maior ênfase quando se trata da prole, por haver a idéia de um direito sobre os “bens” dos pais, algo que implica em desarmonia, ou pior, em harmonia sob conveniências, portanto, em mentira comportamental. Sob tal enfoque existencial calcado em “direitos”, há a estagnação do espírito, ocasionando males que transcendem o tempo espaço. As marcas anímicas (“morena”) que reconheceu ostentar, representam as anônimas vitórias íntimas (“não olheis para mim” - disse, como quem está requerendo que se olhe mais para seu íntimo, e, não, para o seu físico feminino). Portanto, comportamento oposto do das mulheres que buscam no esmerar dos seus atrativos físicos, conseguirem meios para cumprir os seus desejos.

E, as incompreensões e perseguições que os seus “irmãos” (logo, os outros espíritos humanos, notadamente, os mais próximos), indignados, lhes impuseram, simboliza a ignorância, que induz à revolta (“indignam-se contra mim”). Porque os “próximos” não admitem que haja mesmo algum real valor naquilo que a verdadeira feminilidade busca, porque somente vêem “valor” naquilo que seja terreno, destarte, sentem-se arrazoados, ao instarem-na a que se valha dos seus “dotes” físicos, para buscarem pela “felicidade”. A esses (“irmãos”), razoável seria que a personagem feminina do poema se aferrasse às coisas efêmeras, embora deixando de se revelar partícipe na Criação, tornando-se numa “guarda de vinha”; simbolismo para os que se vergam aos desejos materiais, e mesmo, também aos que sublimam os “deveres” para com os da sua família. Contudo, a sua postura firmemente voltada a alcançar o desenvolvimento à Luz, resultou que viesse a desprezar tornar-se apenas numa guarda de vinhas. Simbolizando pressentir ser inútil esforçar-se por amealhar posses, com vistas a cumprir “deveres” que no íntimo inaceita. Inaceita, porque apesar de ter aprendido que assim agindo seria feliz, despertou para a realidade, a que lhe fez depreender que no viver, não se encontra a causa para a Vida.

Pois, a usufruição consciente da vinha (simboliza o seu ativar-se nessa parte da Criação onde se encontra), é o que corretamente a motiva (simbolizando a noção que lhe assomou a respeito da sua magna missão, pois, essa “vinha”, sim, quer cuidar, essa lhe “pertence”). Por isso, nega-se a cuidar daquela que “não me pertence”, ou seja, nega-se a valorizar e esforçar-se pelas “coisas” que até então buscava conquistar, tendo-as como via à felicidade. Entretanto, reconheceu que a “vinha que lhe pertence, não guardei”, evidenciando manifestação intuitiva, que a impele a adequar-se como representante da feminilidade na Terra. Algo que ainda não procedeu, pois, cuidou apenas de esforçar-se naquilo que os outros lhes disseram para fazer, ou pelo doutrinado, que não corresponde à sua certeza interior, mas, em deveres e regras.


1:7) “Dize-me, ó amado de minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros ?”.

1:7) Entretanto, toda essa pressão exterior calcada em “deveres” e conceitos, ligam-na apenas a desejos, porque não expressam àquilo que, intuitivamente, a mulher sente, se ainda possuir algum resquício do seu inato anseio à Luz e à Verdade. Pois, somente passa a aceitar as sugestões intelectivas, próprias ou as de terceiros, sob conceitos e deveres, quando o seu espírito se encontra debilitado, daí, incompreender que fora do tempo/espaço possa existir verdadeira Vida; buscando-a no imanente, desejando. “Dize-me!” Com uma só palavra, muitas revelações se apresentam. Sim, por ser esse, o comum comportamento humano ante o Sagrado, pois, à sombra do doutrinado, “aprendem” a esperar que Ele se apresente às criaturazinhas da Terra, portanto, que Ele venha até aqui para “arrebatá-Ios”; que os alcem ao Paraíso; porque pretendem ser apadrinhados, e não, empenhados (“dize-me”). Outrossim, mesmo quando assim desejosos aguardam que os céus lhes apadrinhem, não almejam capacitarem-se para cumprir a sua participação no Todo, mas, sim, para que Desse Todo, venham a mais usufruir... “Dize-me”, simboliza o acalentar de fantasiosos auxílios da Luz, aqueles calcados nas “doutrinas” que afirmam que o Senhor guiará os “fiéis”, independentemente do empenho (merecimento) próprio.

Ao supor que essas suas orações conotadas do pedir, sejam direcionadas a Deus, erram, Ele as desconhece, posto haver a embasa-Ias um MOTIVO, uma causa para fundamentá-Ias, um propósito de amenizar o destino, ou de conotá-lo de prazeres, simbolizado por sua seqüencial indagação : “Onde apascentas o teu rebanho ?”. Porquanto, aquela que apenas O havia pressentido, não soube como dar continuidade ao seu latente propósito, pois, vergando-se ao “doutrinado” consente em adotar o pedir, por isso, indaga aonde estariam os adequados que O acompanham (simbolizado no rebanho). A seguir, ainda aduz : “Onde o fazes repousar pelo meio-dia”, ainda mais enfatizando haver um motivo, um DESEJO para procurá-Io, o desejo de escapar do excessivo calor do sol (“meio-dia”). Endossando ainda mais nossa interpretação, lemos: “para que não ande eu vagando”, logo, para que não sofra, por visar colher apenas amenidades, todavia, por pedir, e, não, por empenho próprio.

E, quanto ao EVITAR de permanecer vagando a esmo, dentre os muitos que compõem os “rebanhos dos teus companheiros” (do Amado). Simboliza que a mulher, intuitivamente, sabe que essa profusão de doutrinas que falseiam a Verdade, não O representam; há hoje mais de 400 diferentes religiões “cristãs”, todas baseadas num mesmo Livro, “justificando” a idéia de que o Senhor tenha “companheiros”. Destarte, DESEJANDO evitar de ter de vagar a esmo, “perder o seu tempo”, por isso, ao invés de empenhar-se, pede, pois indaga. Demais, o Senhor não tem “companheiros”, todavia, aceitando as tolices doutrinadas vendidas “em Seu Nome”, crêem nos “sacerdotes” que se arvoram à condição de representá-Io aqui na Terra. Revelando que, aquela que se verga ao doutrinado pelas religiões, aceita haver a possibilidade de encontrar num “mestre” ou “sacerdote” (“companheiros do amado”), alguém que O represente na Terra... Mas, a busca à Luz, é pessoal, sendo colimável apenas mediante empenho próprio; não cabendo essa expectativa: “dize-me”. A favor, lemos que Jesus, além de não explicar aos seguidores o que os aguardaria, precedeu os Ensinamentos com palavras como “se queres” ou equivalentes, portanto, exigindo por ação responsável. Mas, se mediante a gravidade do vivenciado, vier a mulher a reconhecer o Caminho à Luz, essa mesma frase assim será interpretada: “Inclina-te ó Deus e, em sua bondade, revela-me o Caminho reto, mesmo que seja necessário que a ação justa da Sua Lei venha a me repreender, exortando-me à Verdade, para que me livre da mentira.” Aliás, não sendo outra a razão de Jesus, na Oração O Pai Nosso, ensinar “Não nos deixe cair em tentações, MAS, livra-nos do mal”. Pois, Deus não livra das tentações, MAS, exorta a que se libertem dos DESEJOS, porque através da atividade da Lei, impõem-se as justas admoestações cármicas, auxiliando aos que divergiram do Caminho a que reconheçam o erro praticado e busquem readequar-se.


1:8) “Se tu não sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sai-te pelas Pisadas dos rebanhos, e apascenta os teus cabritos junto as tendas dos pastores”.

1:8) Em resposta, simbolicamente foi-lhe dito : Se não reconheces o Caminho (“se tu não sabes”), tu que ainda nutre vivaz anseio à Luz, pois mantém-se ainda (“formosa entre as mulheres”), guia-te pela orientação haurida da intuição, para poder extrair, mesmo pelo presenciado nos demais (simbolizado pelas “pisadas do rebanho”), o Caminho à Verdade. Caminho que está demarcado por vivências, próprias e de terceiros, posto haver sido trilhado por sábios “pastores”, simbolizando a presença na Terra dos profetas e de espíritos que se elevaram à condição de guias; na Palavra. Assim, irás encontrar a “tenda dos pastores” simbolizando a verdadeira assembléia dos adequados, aqueles espíritos que almejaram o mesmo objetivo existencial, o desenvolvimento espiritual, ou seja, ao manter-se adequada à Sua Vontade (ao Seu Nome), a mulher liga-se à Luz, recebendo a Força para superar os seus desejos. Auxílio que advém à Terra através da sutil matéria, por ser essa a via por onde passam as influências beneficiadoras da Sua Vontade, sob Irradiações construtivas, encorajadoras, beneficiadoras, no simbolismo, obtendo Forças e entendimento para poder “apascentar os seus cabritos”. Simbolizando a possibilidade de poder ligar-se à Luz e à Verdade, ao assim conseguir orientações corretas para DEBELAR os DESEJOS. Aliás, desejos, estão bem simbolizados pelos “cabritos”, posto serem animais irrequietos e insaciáveis, que devoram a tudo; portanto, que agem através de um interminável fluir dos desejos.


1:9) “Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha”.

1:9) Simbolizando que, na Criação, cada qual tem a sua precípua finalidade, sendo de real significância, simplesmente, a sua atuação contributiva, a participação ativa, na possibilidade da sua espécie, compondo o harmônico Todo, pois, cada um e todos os seres podem e devem apresentar-se naturalmente ativos na Criação. Portanto, não havendo nenhum desdoiro à mulher, que os textos a comparem a outra das belezas da Criação. Porque, aos olhos de Deus, todas as puras criaturas da Criação (“éguas do faraó”) são igualmente valiosas, belas, posto serem partícipes do Seu Reino. Ao ser designada de “querida minha”, a alma feminina evidencia ser preciosa ante Deus, mas, para tanto, requerendo que se adeque ao Todo, daí, que se empenhe em manter a naturalidade do ser, senão destoará da harmonia e equilíbrio reinante em Seu Reino.


1:10) “Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares”.

1:10) Equivale a : A pura e natural beleza da mulher terrena, resplandece ainda maior do que todas as jóias e adornos com as quais busque se enfeitar. Trata-se, pois, da sua beleza interior, que requer mesmo ser cultivada, sobrepondo-se às “jóias” terrenas (deveres e conceitos), a fim de cumprir o desiderato mor para a mulher: SERVIR de farol e arrimo ao homem, por esse necessitar do auxílio da mulher, na condição de “elo” com a Luz.


1:11) “Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata”.

1:11) Porém, se tornando nesse “elo”, somente se persistir no rumo indicado por sua intuição, que aponta para um propósito existencial altaneiro. Pois assim ativando-se, a mulher adquire o simbólico galardão de ouro incrustado de prata, representado pelo brilho da sua pureza, que resplandecerá sobre tudo e todos na Terra. Essa premiação celestial se traduz em bênçãos e proteções (“te faremos”); porém, sob uma severa condição: Se mantiver-se adequada à Excelsa Vontade, ou seja, à Lei Natural, pois, como Essa ativa-se automaticamente, justifica e elucida as palavras: “te faremos”, por ser uma premiação da Luz que, sob justos efeitos retroativos, atua, no sentido de auxiliar os que mereçam.


1:12) “Enquanto o rei está sentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume”

1:12) Mesmo estando distante da Divindade, se a mulher mantiver a NATURALIDADE, portanto, sem que necessite de um MOTIVO tangível, para vir a adorá-Io, SEM ESFORÇO, se fará notada pela Luz, em sua adequada atividade, como um perfume (“o meu nardo exala”).


1:13) “O meu amado é para mim um saquitel de mirra, posto entre os meus seios”.

1:13) A Força do Amor de Deus significa para a mulher o que de mais refinado pode haver (“saquitel de mirra” simboliza um perfume que exala, logo, imaterial, sublime, posto transcender). Por isso, em consonância a esse reconhecimento, do íntimo (“seio” simboliza, portanto a pureza do assomo intuitivo), alteia-se, capacitando-a a assim reconhecer o Seu Amor, porque se liga a. Esse.


1:14) “Como um racimo de flores de hena nas vinhas de El-Cedi, é para mim o meu amado”.

1:14) Embora apenas possa pressentir a Sua presença mediante o reconhecimento do Seu Amor (aroma das flores), pressente a sublimidade Daquele do Qual todo esse Amor está sendo aflorado (“racimo”, que significa “em cachos”, portanto, o Seu Amor que de fato se derrama sobre a Terra). Algo que se expande rumo abaixo, logo, expressando a Força Espiritual que, se e quando reconhecida, permite a mulher adequar-se, capacitando-a a participar do Seu Reino, porque tornou-se partícipe do Seu Amor.

1:15 ) “Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas”.

1:15) “Querida minha”, expressa que Deus ofereceu à mulher especiais qualificações (“dotes” / dádivas, contidas na sua mais refinada intuição), das quais necessita utilizar-se, para poder cumprir de maneira adequada o seu peregrinar na materialidade, por isso, a Lei exige recíproca dessas Suas dádivas, dar/receber. E, para tornar-se merecedora de praticar essa COMUNHÃO com o Senhor (participar do Seu Reino, ou seja, do Seu Amor), necessita manter a visão existencial calcada na PUREZA, simbolizado pelos seus (“olhos como de pomba”). Portanto, evidenciando-se adequada as Leis da Criação, assumindo a condição precípua apenas à mulher, tornando-se partícipe da Sua Obra, ao direcionar também o homem à Luz (simbolizando a máxima expressão de formosura), logo, tornando-se realmente formosa (“eis que és formosa”). No reiterar da expressão “formosa”, a idéia de configurar à magna investidura da mulher (norteadora), reside um seu compromisso ou mesmo um juramento, pois, nos antigos textos, a repetição equivalia a assim ter se expressado. Havendo exemplos, notadamente, nas expressões de Jesus que iniciam-se com a expressão “na Verdade, na Verdade vos digo...” que equivale a uma Sua promessa, portanto, um Seu compromisso. Demais, comprovando, a mulher adequada tem olhos somente para o que seja puro (pomba), porquanto “aos puros, tudo é sempre puro”.


1:16) “Como és formoso, amado meu, como és amável. O nosso leito é de viçosas folhas”.

1:16) Na frase a elucidação de que a mulher que se revelar em partícipe da Sua Obra, assume a expressão máxima de toda a formosura na Terra, portanto, tornando-se também mais formosa, por cumprir a participação nesse Seu Amor, mediante o reconhecimento das dádivas que recebeu com vistas a lograr o seu aprimoramento. Outrossim, ao assim altear-se, a mulher se apresenta aos olhos do homem como a auxiliadora idônea, aquela que se mantém em Seu Amor, e que pode lhe servir de apoio, por suavizar sua caminhada. Ao lembrarmos Jesus, “meu jugo é suave”, temos uma analogia, porque aqueles que reconhecem o Amor de Deus, sentem-se assim amavelmente acolhidos em Sua Criação. A ponto de sentirem o vivenciar cotidiano como se estivesse mesmo entre as “viçosas folhas” de um “leito”, pois, sejam doces ou amargas as suas experiências, sabe serem as que necessita; reconhecendo-as sempre benéficas.


1:17) “As traves da nossa casa são de cedro, e o seu teto de ciprestes”.

1:17) “Casa”, no sentido amplo, abrange o “lar da Criação”, e como a mulher se encontra como direcionadora na Terra, aqui requer que ela se revele idônea, confiável auxiliadora. Outrossim, “traves” simboliza segurança, enquanto “ciprestes”, a beleza que se encerra no seu adequado existir na Terra, o “lar” no qual é a responsável perante a Luz. Revelando ainda que, se e quando a mulher reconhece Seu Amor, sente-se segura, e confortada... pois em tudo enxergará beleza, mesmo no que seja difícil ou adverso.

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